
"Uma pessoa que habitualmente mora, por exemplo, na ilha do Sal, que foi ou que está, por exemplo, na Boa Vista para alguma atividade relacionada com a sua profissão poderá regressar desde que faça prova de teste de que não tem situações que possam colocar em risco a sua saúde e a saúde dos outros", anunciou Ulisses Correia e Silva.
O chefe do Governo falava no âmbito de uma visita à ilha da Boa Vista, que registou 51 casos de covid-19, para constatar as atividades no terreno e pedir uma resposta eficaz.
Nos últimos dias, registam-se várias reclamações de pessoas que saíram das suas ilhas para tratar de algum assunto, mas que ficaram retidos numa ilha diferente da sua residência, após a declaração do estado de emergência, que se iniciou em 29 de março e que foi prorrogado hoje para vigorar até 02 de maio nas ilhas com casos confirmados.
"É excecionalmente para essas situações, com residência habitual comprovada", vincou o primeiro-ministro, que chegou à Boa Vista um dia após o anúncio de mais 45 novos casos de covid-19 naquela ilha, todos trabalhadores de um hotel que já estava em quarentena desde 19 de março.
Ulisses Correia e Silva disse que visitou a ilha para "dar força" e "reforço de motivação", esperando que o combate à pandemia seja "muito assertivo".
"Uma palavra de conforto e de apreço às populações da Boa Vista, a situação é controlável e o objetivo é evitar mais contágios na ilha", prosseguiu o governante, esperando também "maior força de ação", bem como "muita confiança, serenidade, muita vigilância e muita capacidade de conter" esta fase da pandemia.
Ulisses Correia e Silva garantiu também reforço dos programas sociais na ilha da Boa Vista, para evitar que as pessoas enfrentem mais dificuldades nesta ilha que vive essencialmente do turismo.
O primeiro-ministro deixa ainda hoje a Boa Vista, mas o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, vai permanecer na ilha para coordenar as operações no terreno, bem como um técnico do Ministério da Família e Inclusão Social, para reforçar as medidas e ações nessa área, ainda segundo Ulisses Correia e Silva.
"Sempre nessa condição de colocar a saúde em primeiro lugar. Sabemos que a vida das pessoas não está fácil, sabemos que fica muito mais difícil neste estado de emergência, de restrições em todo o país. No caso da Boa Vista, por ser uma ilha turística por excelência, as consequências de perda e de quebra de atividade são sentidas de uma forma muito mais profunda. É por isso que estamos com atenção e vamos reforçar a nossa ação social aqui na ilha da Boa Vista", frisou.
Sobre a possibilidade de saída, o chefe do Governo explicou que as pessoas vão ter de ficar na ilha, pois entende que seria "um grande risco" abrir essa possibilidade.
"E quanto mais nós contermos nas ilhas, mais fácil faremos o controlo. É por essa mesma razão que nós fechamos as fronteiras externas, quanto menos gente estiverem a entrar ou a sair de Cabo Verde, mais controlamos", vincou.
Para Ulisses Correia e Silva, o que tem que ser resolvido é o reforço da ação social às pessoas que foram afetadas pelas restrições impostas para conter a propagação da doença.
"O facto de as pessoas não estarem com emprego não é argumento para pressionar para sair para outras ilhas porque aumentamos o nível de risco para níveis incontroláveis", salientou.
Quanto aos 45 funcionários do hotel que testaram positivo para covid-19, o primeiro-ministro garantiu que todos já estão em isolamento médico e a ser acompanhados.
Ulisses Correia e Silva foi à Boa Vista acompanhado ainda do ministro da Saúde e Segurança Social, Arlindo do Rosário, onde participou em reuniões com as autoridades e instituições locais.
O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, anunciou hoje que vai pedir a prorrogação do estado de emergência em todo o arquipélago, declarado desde 29 de março, para as ilhas com casos confirmados da doença (Boa Vista, Santiago e São Vicente).
Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados de covid-19, a prorrogação do estado de emergência será mais curto, até às 24:00 de 26 de abril.
Cabo Verde conta até ao momento com 55 casos confirmados de covid-19 no arquipélago, um dos quais levou à morte do doente e outro já foi considerado recuperado. Deste total, três registaram-se na ilha de Santiago e um na ilha de São Vicente.
Os restantes 51 foram registados na Boa Vista, sendo que além dos 50 naquele hotel, foi confirmado ainda em março outro caso, de uma turista dos Países Baixos.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 133 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 436 mil doentes foram considerados curados.
RIPE (PVJ) // LFS
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