
O ano letivo em Cabo Verde iniciou-se em 01 de outubro, com aulas presenciais em todo o país, com exceção da capital, devido aos níveis de transmissão de covid-19, onde só hoje começaram a ser retomadas, mais de sete meses depois da suspensão, ainda no ano letivo anterior (2019/2020), para conter a pandemia.
"As escolas estão preparadas e hoje na Praia iniciaram as aulas com condições de segurança sanitária garantidas. Nós verificamos que os alunos, desde os mais pequeninos até aos que estão no ensino secundário, estão com máscaras, têm uma consciência muito clara de que é necessário proteger e a mensagem é que essa proteção vá também para as comunidades", afirmou Ulisses Correia e Silva.
O primeiro-ministro visitou ao início da manhã escolas de diferentes níveis na capital, que regressaram hoje às aulas presenciais, no maior município do país, com Ulisses Correia e Silva a garantir que todas têm espaços preparados para isolamento de casos suspeitos de covid-19 e que os professores estão "formados para o que devem fazer" nessas situações.
À entrada, todas tinham controlo de temperatura e equipamentos para lavagem das mãos. No interior, os alunos cumprem o distanciamento físico e repetem-se os avisos, pelos professores, sobre as medidas de autoproteção à doença, insistindo na higienização.
"Eu creio que os alunos são bons transmissores das boas mensagens porque é preciso proteger não só na escola, mas também em casa. Na família, na comunidade, no transporte escolar, para que possamos ter um ano letivo tranquilo. Evidentemente que poderão existir problemas, como temos tido nalgumas escolas do país, mas o sistema está preparado para situações de contingência", enfatizou o chefe do Governo.
O concelho da Praia alberga 12 agrupamentos escolares, duas escolas não agrupadas, quatro estabelecimentos de ensino privado e cooperativo, com 24.097 alunos do ensino básico e 7.978 alunos do secundário.
Ao fim de um mês de aulas presenciais em todo o arquipélago -- com exceção da Praia -- pelo menos sete escolas encerraram (períodos de dez dias), devido à confirmação de infeções pelo novo coronavírus, que causa a doença covid-19.
"O nosso desejo é que tudo corra bem, porque é preciso retomar as aulas, a escola. Não é só a questão de voltar ao ensino em aprendizagem, isto faz bem depois às crianças, aos jovens, aos adolescentes e também às famílias", defendeu ainda o primeiro-ministro no arranque das aulas na Praia.
As aulas presenciais foram retomadas hoje na capital, mas de forma faseada, devido ao fluxo dos estudantes entre as localidades e à pressão na deslocação nos transportes públicos, segundo o Ministério da Educação cabo-verdiano.
Segundo o ministério, a partir de hoje terão aulas presenciais os alunos do 1.º, 2.º, 3.º, 4º, 8.º. 11.º e 12.º anos de escolaridade, em turmas divididas em dois grupos, em que um grupo tem aulas às segundas, quartas e sextas, enquanto outro grupo vai às terças, quintas e sábados.
Por sua vez, uma semana depois vão regressar às escolas os alunos do 5.º e 6.º anos de escolaridade, para na semana seguinte serem os do 7.º, 9.º e 10.º anos.
No dia em que não têm aulas, os alunos continuam a assistir as aulas à distância, através da recém-criada Televisão Educativa, além de conteúdos que são enviados pelos respetivos professores.
O concelho da Praia regista um acumulado de 5.033 casos de covid-19, com 55 óbitos, 4.592 recuperados e 388 casos ativos, tendo no domingo registado cinco casos, o menor número diário dos últimos 40 dias.
Cabo Verde tinha até domingo um acumulado de 8.848 infeções desde 19 de março, dos quais 96 óbitos, dois doentes transferidos e 8.912 casos considerados recuperados.
Os casos positivos de covid-19 em alunos das escolas cabo-verdianas passam a obrigar à testagem dos colegas de sala mais próximos, conforme novas regras anunciadas no final de outubro pelo Governo.
De acordo com as novas regras para os estabelecimentos de ensino pré-escolar, básico e secundário, que já entraram em vigor, ao abrigo da resolução do Conselho de Ministros de 29 de outubro, o "surgimento de um caso confirmado de covid-19 num aluno, na sala de aula", passa a obrigar à "testagem dos colegas mais próximos, de acordo com o lugar ocupado", ou seja "frente, trás e dois lados".
Segundo uma nota do Governo sobre estas novas regras, o encerramento de três salas de aula distintas, por casos confirmados da doença, desde que em simultâneo, "obriga ao encerramento da escola por dez dias", e os docentes e trabalhadores que testarem positivo para covid-19 ficam com atividade suspensa igualmente por dez dias.
A ministra da Educação, Maritza Rosabal, anunciou este mês que para iniciar o ano letivo nas 428 escolas do país foram investidos até ao momento, na aquisição de máscaras, álcool gel, máquinas automáticas de lavagem de mãos e termómetros, mais de 20,1 milhões de escudos (182 mil euros), sem contabilizar os custos das doações de material de proteção individual.
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