"A geografia dos fluxos migratórios muda à medida que novos destinos emergem globalmente. Além dos corredores tradicionais do sul do globo para as economias avançadas da América do Norte e Europa, os migrantes estão a ser atraídos para os novos centros em crescimento nos países em desenvolvimento, nomeadamente para o Brasil e outros países na Ásia do Leste, África do Sul e Índia", refere o estudo World Migration Report 2015, que analisa a contribuição das migrações para o crescimento urbano no mundo.

Mais de 54% da população mundial vivia em cidades em 2014 e as migrações tem contribuído para o incremento desta urbanização, refere o documento.

O relatório exemplifica com o caso das favelas do Rio de Janeiro, que têm recebido fluxos de migrantes das áreas rurais do nordeste brasileiro e refere que a favela da Rocinha, em particular, tem crescido aceleradamente, recebendo vários milhares de habitantes, dos quais 80% são originalmente dos estados do Ceará e Paraíba.

O estudo refere também que a cidade de Porto Alegre, no sul do Brasil, é um bom exemplo de uma cidade que busca a inclusão social através da participação de vários grupos, incluindo os migrantes internos.

Ao participar em eleições locais e em outras instâncias, nomeadamente no orçamento participativo, os moradores são capazes de expressar suas necessidades e defender os seus direitos básicos e também participar na construção de instituições da cidade.

Referindo-se aos destinos mais tradicionais dos fluxos migratórios, o relatório refere ainda que "a União Europeia (UE) continua a aprimorar o conhecimento e as ferramentas para apoiar as cidades a transformar a diversidade urbana numa vantagem social e económica".

"Cidades, como Lisboa, Roterdão, Chicago, Buenos Aires, São Paulo, Nairobi, Auckland e Kuala Lumpur estão a prestar atenção ao crescente ao papel dos imigrantes e a tentar criar uma estrutura de oportunidades para os nativos e recém-chegados através de parcerias com os migrantes, o setor privado e a sociedade civil", refere o relatório.

O documento referiu ainda que vários países, entre os quais Portugal (sobretudo com os vistos Gold), estão a implementar políticas específicas para atrair capital de imigrantes para os seus países.

O World Migration Report 2015 dá como exemplo de inclusão a história de uma brasileira (Lídia) que chegou a Portugal para tirar um mestrado e, passados dez anos, continua a estudar e trabalhar em Lisboa, tendo já criado família e raízes no país de acolhimento.

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