O Brasil registou 44.127 mortes violentas intencionais em 2024, total que indica uma queda de 5,2% face ao ano anterior, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados hoje.

O registo de mortes violentas no país no ano passado foi o menor desde 2011 da série histórica do levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a partir da recolha e da análise de dados sobre crimes registados em todos os estados brasileiros.

Em 2024, a maioria das pessoas assassinadas no Brasil eram homens (91,1% das ocorrências), negros (79%), pessoas até 29 anos (48,5%) e vítimas de armas de fogo (73,8%) em via pública (57,6%).

As mortes provocadas por agentes da polícia no Brasil somaram 6.243 em 2024, queda de 2,7% na comparação com 2023 (6.413 mortos), total que indica um ritmo menor da queda face à redução geral de assassínios registada no país no mesmo período.

O estado brasileiro de São Paulo chamou atenção pelo aumento de 8% nas ocorrências de mortes violentas no último ano, movimento influenciado pelo crescimento de 61% no número de pessoas mortas pela polícia.

De acordo com os dados divulgados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, um total de 813 pessoas foram mortas pela polícia de São Paulo no ano passado, 309 casos a mais do que os 504 registos de 2023.

No relatório aponta-se também a queda nos roubos registados no Brasil, que totalizaram 745.333 ocorrências, mas indicou um aumento no número de fraudes, que totalizaram 2.166.552 ocorrências. Houve o registo de quatro fraudes por minuto no país em 2024.

Somando os registos de fraudes praticadas no Brasil nos últimos seis anos, o relatório indicou um crescimento de 408% (de 426.799 para 2.166.552), enquanto os roubos caíram pela metade (de 1.506.151 para 745.333) no mesmo período.

Mesmo com a diminuição na taxa global de mortes violentas, as estatísticas de feminicídio bateram, novamente, o recorde da série histórica, com um aumento de 0,7% de casos em 2024 face a 2023.

No total, registaram-se 1.492 feminicídios em 2024, o que mantém consistente o crescimento dos últimos anos. Quase a totalidade das vítimas (97%) foi assassinada por homens, oito em cada dez foram mortas por companheiros ou ex-companheiros e 64,3% dos crimes ocorreram dentro de casa.

Em 2024, o Brasil registou o maior número de violações de pessoas adultas e vulneráveis da série histórica, com 87.545 ocorrências registadas no período.

No relatório aponta-se que a cada seis minutos uma mulher foi violada no país em 2024.

Os dados mostraram ainda que a violência contra crianças e adolescentes no Brasil cresceu 3,7% no grupo de 0 aos 17 anos, com 2.356 vítimas.

O levantamento mostrou que também um crescimento de 14,1% dos crimes relacionados com a produção de material de abuso sexual infantil, de 9,4% de ocorrências de abandono de incapaz, de 8,1% da prática de maus-tratos e de 7,8% nas taxas de agressão decorrente de violência