Em declarações aos jornalistas no Ruanda, onde se encontra numa reunião da Commonwealth, reconheceu os "resultados difíceis", que atribuiu à inflação e o impacto no preço da energia, combustíveis e comida.

"Penso que como governo tenho de ouvir o que as pessoas dizem, em particular as dificuldades que as pessoas enfrentam em relação ao custo de vida, o que penso que para a maioria das pessoas é a questão número um", afirmou.

O líder Conservador, que na véspera tinha considerado um "absurdo" demitir-se por causa de eleições intermédias, prometeu fazer mais e continuar: "tendo em conta as preocupações das pessoas até ultrapassarmos este mau bocado".

Entretanto, o presidente do Partido Conservador, Oliver Dowden, apresentou a demissão, alegando que as duas derrotas são "os últimos de uma série de resultados muito fracos para o partido".

"Os nossos militantes estão irritados e desapontados com os acontecimentos recentes, e eu partilho os seus sentimentos. Não podemos continuar o trabalho como habitualmente. Alguém tem de assumir a responsabilidade", escreve numa carta dirigida a Johnson.

Em Wakefield, o Partido Trabalhista recuperou um assento que tinha perdido para os 'tories' em 2019 ao arrebatar 47,9% dos votos, contra 30% do Partido Conservador.

"Hoje, as pessoas de Wakefield falaram em nome dos britânicos. Eles disseram, firmemente: Boris Johnson, o seu desrespeito por este país já não é tolerado", afirmou após o anúncio o deputado eleito, Simon Lightwood.

Para o líder do 'Labour', Keir Starmer, o resultado no circulo eleitoral do norte de Inglaterra "mostrou que o país perdeu a confiança nos Conservadores" e reivindicou este resultado como um "veredicto claro sobre um Partido Conservador que ficou sem energia e ideias".

Mas foi em Tiverton and Honiton, no sudoeste de Inglaterra, que ficou exposta a fragilidade do Partido Conservador, onde perdeu para os Liberais Democratas, que conquistaram 52,9% dos votos, uma subida de 38% face a três anos atrás.

O Partido Conservador, que tinha conquistado 60% dos votos em 2019, ficou-se pelos 38,5%.

O deputado eleito, Richard Foord, avisou "os deputados Conservadores que continuam a apoiar o primeiro-ministro débil".

"Os Liberais Democratas vêm aí", disse Richard Foord.

Se não tomarem medidas para restaurar decência, respeito e os valores britânicos em Downing Street, também arriscam derrotas eleitorais com aquelas a que assistimos aqui", garantiu.

O líder dos 'Lib Dems', Ed Davey, reivindicou a maior reviravolta eleitoral na história britânica e reiterou o pedido de demissão sobre Boris Johnson.

"A população de Tiverton and Honiton falou em nome do país. As pessoas já estão fartas das mentiras e do desrespeito pela lei de Boris Johnson e está na altura de os deputados conservadores finalmente fazerem o que está certo e o despedirem", afirmou.

Boris Johnson sobreviveu a uma moção de censura interna no início de junho ao obter 59% dos votos dos deputados do Partido, determinando as regras que não se possa repetir uma nova moção no espaço de 12 meses.

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