Bores, o lince do deserto apreendido pela GNR no Funchal, na Madeira, em julho, foi devolvido aos proprietários. A dona tinha sido “apanhada” em casa com o animal de espécie protegida.

O lince do deserto vivia há seis anos, de forma irregular, numa casa. Foi domesticado e transformado num “autêntico gato” por uma mulher, agora com 38 anos.

Em comunicado, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza começa por justificar o resgate e apreensão do animal.

O lince do deserto tinha sido apreendido numa busca domiciliária, uma vez que os proprietários não apresentaram “qualquer documento” relativo ao animal e ao seu licenciamento.

Além disso, trata-se de uma espécie “listada no Anexo II-B do Regulamento (CE) n.º 338/97 do Conselho, de 9 de dezembro de 1996, relativo à proteção de espécies da fauna e selvagens, o qual estabelece lista de espécies animais e vegetais cujo comércio é objeto de restrições ou controlo”, acrescenta o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza na mesma nota.

De seguida, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza explica que recebeu, na terça-feira, um relatório médico de representantes forenses da dona do lince do deserto a atestar que, “para o bem estar e segurança do animal”, os proprietários "deveriam ficar como fieis depositários deste”.

No dia seguinte, o instituto foi notificado pela “entidade instituída como fiel depositário” que não tem disponibilidade para “mandar a guarda do animal selvagem”.

Nesse sentido, o lince do deserto voltou, a partir desta quarta-feira, “à guarda dos proprietários” até à conclusão do processo contraordenacional e respetiva decisão final.

Petição pública

A petição pública vai ser remetida para o Ministério do Ambiente e Energia, acrescenta o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza.

Até esta quinta-feira, mais de 20 mil pessoas tinham assinado a petição “Regresso do Bores ao seu lar” a pedir que o lince seja devolvido à dona.

No documento, é alegado que o animal selvagem foi adquirido em bebé, “antes da consciência sobre o bem estar animal”. “Foi um erro cometido de forma inconsciente, sem má índole e sem qualquer tentativa de exploração há seis anos atrás”, é dito.

É referido ainda que foi retirado “da sua família e do ambiente tranquilo onde viveu”.

O animal foi resgatado e apreendido em julho pela GNR, detido ilegalmente por uma mulher de 38 anos no concelho do Funchal, na Madeira. A dona foi identificada e alvo de um auto de contraordenação.