O chefe de Estado brasileiro afirmou que nos atos marcados por grupos que apoiam o seu Governo vai discursar, mas que não dirá uma "palavra de ameaça a ninguém".

"Dia 07 [de setembro], esse é o horário, vamos hasteá-la [a bandeira do Brasil] aqui, com cerimónia militar, às 8:00 [horário local]. Às 10:00, estamos aqui na Esplanada. Pretendo usar a palavra. Não é uma palavra de ameaça a ninguém", afirmou.

"Estaremos em São Paulo fazendo a mesma coisa. Pode ter certeza, vamos ter uma fotografia para o mundo do que vocês querem. Eu só posso fazer uma coisa se vocês assim o desejarem", acrescentou.

Nas últimas semanas, Jair Bolsonaro tem feito ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), principalmente aos juízes Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, devido à abertura de inquéritos contra si e ao posicionamento destes e de outros magistrados contra um protesto sobre o voto impresso que foi derrotado em votação no Congresso, mas que é defendido pelo Presidente que sem provas tem levantado dúvidas sobre a segurança do sistema eleitoral em discursos que já o tornaram alvo de investigações judiciais.

Na quinta-feira, Bolsonaro disse, em visita à cidade de Cuiabá, que estes processos contra si abertos pelo STF devido a declarações sem provas contra o sistema eleitoral são atos de uma alegada "ditadura".

"Não se pode abrir um processo contra o Presidente da República sem ouvir o Ministério Público, isso é ditadura. Quem age dessa maneira não é digno de estar dentro daquela corte [tribunal]. Me submeto sem problemas a qualquer processo legal, já estipularam até pena para mim por ser contra atualmente à maneira de se fazer eleições", afirmou.

Nesta sexta-feira, Moraes expediu um mandado de busca na casa de apoiantes do chefe de Estado, nomeadamente do deputado federal Otoni de Paula e do cantor Sérgio Reis, suspeitos de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a democracia.

Ottoni de Paula, deputado pelo Partido Social Cristão (PSC) já havia sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2020 pelos crimes de difamação, calúnia e coerção.

A denúncia surgiu porque, em meados do ano passado, o legislador lançou vários ataques durante transmissões ao vivo pela Internet contra Moraes.

Sérgio Reis tornou-se alvo deste inquérito que investiga notícias falsas e ameaças à democracia depois da divulgação de um áudio e de um vídeo em que aparece incitando motoristas de camiões e simpatizantes do Governo brasileiro a participarem do protesto de 07 de setembro em Brasília e também proferindo ameaças contra membros do STF e do Congresso brasileiro.

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