"Recebemos a informação da rutura da ombreira direita da barragem da usina hidroelétrica 14 de julho, que fica no município de Cotiporã (...) Como já estavam quase no mesmo nível o trecho anterior da barragem e o seguinte, o efeito não vai ser de uma devastação, de uma enxurrada, mas o rio ficará com curso livre", explicou Leite numa vídeo publicado nas redes sociais.

"Fizermos o possível para evitar o rompimento, mas com o volume de água, não conseguimos ter acesso por helicópteros e levar técnicos para evitar essa rutura, que vai ter um efeito de resposta hidrológica, de elevação do nível do rio Taquari", completou.

Leite decretou na noite de quarta-feira estado de calamidade pública por um período de 180 dias no estado do Rio Grande do Sul.

A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), que administra a barragem, informou em nota que detetou "o rompimento parcial do trecho direito da barragem da hidroelétrica 14 de Julho, devido ao contínuo aumento da vazão do rio das Antas e das fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul desde terça-feira (30)".

Segundo os 'media' locais, o prefeito da cidade de Bento Gonçalvez, Diogo Segabinazzi Siqueira, informou que uma onda de dois metros de altura atingiu uma área da cidade e passou em direção a outros municípios.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul já confirmou que os temporais deixaram 13 mortos, mas os 'media' locais citam dados do Corpo de Bombeiros e Brigada Militar (BM) que confirmam outros 11 óbitos, elevando o número provável de vítimas fatais para 24.

A Defesa Civil também informou que 67.860 pessoas foram afetadas pelas chuvas. Vinte e uma pessoas seguem desaparecidas. Ao todo, 147 cidades do rio Grande do Sul registaram inundações, quedas de barreiras, de pontes e deslizamentos de terra.

O mesmo órgão divulgou uma outra nota pedindo aos moradores das cidades de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado que deixem áreas de risco, elevando temores em relação ao temporal.

O governo regional do Rio Grande do Sul já havia alertado para um "risco hidrológico extremo" nas próximas 24 horas em grande parte do estado e aconselhou as pessoas a evitarem as proximidades dos rios, cujo fluxo continua a aumentar devido às chuvas, e a procurarem abrigo em local seguro.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou a cidade de Santa Maria nessa quinta-feira, outra área atingidas pelos temporais, e afirmou que o Governo fará "tudo o que for possível para auxiliar os governos municipais e estaduais a remediar os danos às milhares de famílias".

O Rio Grande do Sul, com uma população de 11 milhões de pessoas, tem sido atingido repetidamente no último ano pelo fenómeno climático El Niño, que provoca fortes chuvas no sul do país.

Em setembro passado, eventos climáticos extremos causaram 54 mortes na região.

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