"Não vamos suspender, estamos a reagendar os pagamentos. O certo é que não vamos pagar tudo ao mesmo tempo, mas queremos começar a pagar em meados de junho", disse à Lusa Antonio Vítor, presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional de Comércio de Timor-Leste (BNCTL).

"Hoje mesmo há uma reunião de coordenação para acertar os preparativos, incluindo diálogo com o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), para verificação das listas e para que o banco possa apresentar as condições sobre quando e onde fará os pagamentos", notou.

Antonio Vitor explicou que as atuais condições da pandemia obrigam a que haja cuidados acrescidos, e que os esforços vão ser feitos para efetivar os pagamentos faseadamente.

"Não vamos fazer de uma vez só porque isso vai de certeza criar distúrbios e riscos e isso exigiria mais do que podemos fazer agora", considerou.

Antonio Vitor falava à Lusa na sequência de uma polémica causada por declarações de um outro responsável do BNCTL, Alcino Monteiro, chefe da divisão planeamento, negócio e comercialização, de que a instituição tencionava "suspender" o pagamento de subsídios de idosos.

"Enviamos uma carta ao INSS para suspender provisoriamente o pagamento devido à propagação da covid-19 e da cerca sanitária", afirmou em declarações à RTTL.

Aida Mota, diretora executiva do INSS, explicou à Lusa que a instituição recebeu imediatamente depois dessas declarações contactos e comentários de vários beneficiários, preocupados com os seus direitos.

"As pessoas ficaram assustadas que não iriam receber. E algumas preocupadas que o BNCTL não teria tesouraria. Mas o INSS tem dinheiro nas contas", afirmou.

"Vamos dialogar com o BNCTL para encontrar opções, mesmo dentro das limitações da cerca sanitária e da covid-19, para efetuar os pagamentos, talvez faseadamente", notou.

Antonio Vitor explica que aquele responsável usou um termo errado e que o BNCTL não tenciona suspender, mas apenas "reagendar" os pagamentos, notando que a instituição nunca poderia suspender esses pagamentos e que apenas facilita a transferência de fundos do INSS para os beneficiários.

"Os beneficiários irão receber os seus direitos em meados de junho", confirmou.

O responsável do BNCTL explicou que esta prestação, tradicionalmente, é paga apenas em julho, abrangendo o primeiro semestre do ano, tendo sido antecipada para junho "devido à política do executivo procurar injetar dinheiro na economia".

A afetar o calendário tem estado o facto dos membros do Conselho de Administração, um gerente e vários funcionários do BNCTL estarem atualmente isolados depois de terem sido detetados positivos a testes à covid-19.

"Temos de garantir as medidas de prevenção e não queremos que isso alastre. Temos de tomar medidas de segurança para os nossos funcionários e nossos clientes", disse.

Igualmente a ser implementado, e para facilitar o processo de acesso dos beneficiários aos pagamentos, está a implementação de cartões de débito já que, atualmente, muitos dos cidadãos timorenses levantam diretamente ao balcão em vez de recorrerem às caixas de ATM.

Esse processo, explicou, obriga a preparativos que estão em curso, formação e a organizar o processo de distribuição dos mesmos, garantindo que os clientes conseguem utilizar adequadamente esse serviço.

Além da questão do pagamento do suplemento aos idosos, fontes do INSS explicaram à Lusa que tem havido beneficiários de outras prestações sociais que não recebem desde fevereiro, com atrasos ainda nos pagamentos da primeira ronda de apoio a empresas, ainda do ano passado.

Antonio Vitor admite que houve alguns casos, que explica estão a ser resolvidos com o INSS, referindo que na maioria das ocasiões se deve a problemas nos dados das contas dos beneficiários.

"Muitas vezes estes erros ocorrem devido a problemas de números de contas. Mais recentemente devido à limitação de operadores das duas partes, surgem pequenos erros que estamos a resolver", referiu.

"Pedimos ao INSS que apresente a lista dos beneficiários que ainda não receberam para determinar. Se as contas batem certas o dinheiro vai diretamente para a conta do beneficiário quando sai da conta do INSS. Mas não acho que seja um número elevado de atrasos", considerou.

Aida Mota confirmou que desde janeiro "tem havido muitas queixas de pessoas que dizem que não recebem os subsídios", apesar dos pagamentos estarem previstos nas listas que enviam ao BNCTL.

"Nós cumprimos as datas definidas por lei e enviamos as listas com ordens de pagamento. Mas depois as pessoas dizem que não recebem e que o BNCTL lhes explica que o dinheiro não entrou. Mas no extrato está dado como pago", explicou.

"Já pedimos aos bancos, que são nossos parceiros nisto, que se houver erro nas listas nos avisem, para que façamos a correção a tempo", notou.

 

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