Em comunicado, a Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) refere que até outubro o total de pacientes em evacuações médicas nos aviões daquela companhia aérea já chegou aos 400.

Destes, 100 foram transportados em maca - número que compara com os 60 de 2019, também até outubro -- e "uma parte significativa assegurada em voos especialmente realizados durante a suspensão das ligações domésticas", que vigorou de final de março até 15 de julho, por decisão do Governo, devido à pandemia de covid-19.

A companhia acrescenta que em 2018 realizou um total de 578 evacuações médicas, número que subiu para 675 em 2019, no âmbito da colaboração com o Ministério da Saúde e Segurança Social e as autoridades sanitárias de Cabo Verde, e dentro dos voos comerciais de passageiros que realiza no arquipélago.

Citada no comunicado, a diretora-comercial da companhia admite as evacuações médicas contribuem para 15% dos atrasos dos voos da TICV, mas que "só foram possíveis devido à dedicação de vários intervenientes", desde a própria equipa aos elementos da empresa aeroportuária e as autoridades de saúde em cada ilha.

"As nossas equipas tentam garantir as melhores condições das evacuações médicas e que, mesmo em maca, têm condições favoráveis de serem transportados, inclusive com privacidade, o que minimiza os transtornos das deslocações e torna o processo o menos penoso possível", acrescentou Marina Ferreira.

Assume que a TICV "mais do que ninguém" conhece as "dificuldades e os custos de deslocação" num país como Cabo Verde, daí destacar a importância deste tipo de operação, que garante seguir "os protocolos e as instruções acordadas" e bem como as normas internacionais definidas pelas entidades da aviação civil.

A companhia assinalou há cerca de um ano o milhão de passageiro transportados em Cabo Verde e assegura as ligações aéreas para sete ilhas do arquipélago com três ATR-72 500, com capacidade para 72 passageiros, e refere que esta operação tem sido progressivamente recuperada desde 15 de julho.

A empresa foi levada a tribunal em Cabo Verde nos últimos anos em duas ocasiões, que aguardam desfecho final, pela recusa na realização de evacuações médicas, tendo alegado, como base da decisão das suas equipas, o incumprimento das normas nacionais e internacionais para este tipo de transporte e o risco que essas evacuações não autorizadas representavam para os passageiros e tripulação dos respetivos voos.

No Orçamento Retificativo do Estado de Cabo Verde para este ano está prevista uma dotação específica de 600 milhões de escudos (5,5 milhões de euros) para a aquisição de um "avião para emergências", através do Ministério da Defesa (Guarda Costeira), para garantir, nomeadamente, as evacuações médicas entre as ilhas, atualmente feitas por voos comerciais.

A Guarda Costeira contava com um avião Dornier, mas que, entretanto, ficou inoperacional e será vendido.

"O Governo entendeu, de acordo com os estudos feitos por técnicos e especialistas, em como o custo da manutenção do Dornier é muito mais elevado do que o montante que precisamos para adquirir um avião mais novo e em condições. E mais adaptado para fazer as duas coisas [evacuações e patrulhamento]", afirmou anteriormente o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia.

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