A administração militar-civil local indicou que na sequência da ofensiva foi forçada a corar as linhas de abastecimento de eletricidade "necessárias para o fornecimento de energia e o funcionamento seguro" da central de Zaporijia, a maior central nuclear da Europa.

As autoridades informaram em comunicado na rede social Telegram que estão a adotar todas as medidas necessárias para normalizar rapidamente o funcionamento da central, situada no sul do país.

Os responsáveis locais consideram que o exército ucraniano atacou deliberadamente as linhas elétricas em território situado perto da central nuclear de Zaporijia com o objetivo de criar uma ameaça para a população da zona.

Numa reação oposta, a Ucrânia acusou os russos de ataques perto do reator nuclear.

"Hoje foram assinalados três ataques perto de um dos reatores nucleares", anunciou na rede Telegram a empresa estatal ucraniana Energoatom, que gere as centrais nucleares do país.

"Existem riscos de fuga de hidrogénio e de pulverização de substâncias radioativas. O perigo de incêndio é elevado", indicou a empresa, que não se referiu a vítimas.

No início de março, o exército russo ocupou as instalações da central nuclear da Zaporijia, onde decorreram intensos combates nas primeiras semanas de guerra.

Na segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, tinha acusado a Rússia de estar a utilizar esta central nuclear como base militar para lançar ataques "sabendo que [os ucranianos] não podem responder aos disparos, porque poderiam atingir um reator nuclear ou detritos altamente radioativos".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A ONU contabiliza mais de 5.300 mortos civis, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores, mas que só serão conhecidos quando houver acesso a zonas ocupadas ou sob intensos combates.

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