Segundo uma nota do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, no âmbito do IRR foram apresentados cinco projetos, por cinco Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) nacionais, tendo sido selecionados os projetos da HELPO e da OIKOS.

O projeto da HELPO pretende aumentar a segurança alimentar das famílias deslocadas com grávidas e crianças a cargo, no bairro de Mahate (na cidade de Pemba), através da distribuição de mais de dois mil 'kits' de sobrevivência e de rastreios nutricionais a mulheres grávidas e lactantes, crianças e jovens.

No âmbito deste projeto, serão apoiadas 7.116 crianças das escolas primárias, 78 mulheres grávidas e 461 famílias de acolhimento do bairro de Mahate, acrescenta o comunicado.

O projeto da OIKOS visa garantir o acesso das pessoas deslocadas pelo conflito, em Palma, a bens essenciais de primeira necessidade, para a retoma das rotinas de higiene e preparação de alimentos, nas famílias de acolhimento e nos centros de acolhimento temporário instalados no distrito de Montepuez.

Este projeto vai abranger, de forma direta, 1.800 famílias deslocadas, em particular famílias vulneráveis chefiadas por mulheres, idosos, órfãos e crianças, e 1.350 famílias de acolhimento de pessoas deslocadas também em situação de vulnerabilidade, no distrito de Montepuez.

O IRR foi criado em 2015, ao abrigo da resolução do Conselho de Ministros que aprovou a Estratégia Operacional de Ação Humanitária e de Emergência.

"A ativação deste Instrumento enquadra-se no apoio que Portugal tem estado a mobilizar para a província moçambicana de Cabo Delgado, quer a nível bilateral, quer a nível multilateral, incluindo no quadro da União Europeia", refere o Governo.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expetativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

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