A neurose e em especial a neurose depressiva, a sua forma mais difundida, afeta atualmente grande parte da população, inundando as pessoas de medos e angústias que as impedem de desfrutar da vida e das relações com os outros.

Se aprendermos a controlar o pensamento neurótico e pouco a pouco voltarmos à realidade da qual temos estado afastados, saberemos como eliminar esses inúteis pensamentos obsessivos, as chamadas masturbações mentais, como diz o autor, que nos impedem de alcançar o equilíbrio e de nos sentirmos em sintonia connosco próprios.

Giulio Cesare Giacobbe, um conceituado psicoterapeuta italiano, apresenta-nos diversas técnicas para atingir este objetivo. Uma delas é, sem dúvida, aprendermos a rirmos de nós próprios; daí a linguagem mordaz e humorística que utiliza para nos explicar as suas teorias.

O seu livro tem um título provocador. Afinal, o que são masturbações mentais?

É um fluxo contínuo de pensamentos, produzido automaticamente pela nossa memória. É um processo inconsciente. É necessário e fundamental distinguir entre pensamentos voluntários, que são muito raros, e involuntários, que são os automáticos e muito frequentes.

Conte-nos a história por detrás deste livro. Resultou da sua observação da sociedade?

Este livro vem das descrições dos meus pacientes neuróticos e da experiência comum: para provar o automatismo mental, basta tentar parar de pensar.

Diz no seu livro que o mundo da mente não é real, apenas a realidade é real. Significa que tudo o que pensamos é inventado por nós?

Por definição, real é o que é visto com os olhos e / ou tocado com as mãos. Nada do que vem à mente pertence a esta categoria.

Então andamos (quase) todos assolados por pensamentos obsessivos? Como é que isso afeta as nossas vidas?

Sim, a auto denegação são pensamentos recorrentes. Isso afeta a vida das pessoas por terem pensamentos negativos, automáticos e prejudiciais ao próprio. Apenas um idiota pode querer machucar-se.

Isto é resultado da vida louca que se leva atualmente ou faz parte da natureza humana deixar o cérebro criar estas realidades?

Como Freud demonstrou, o sofrimento (geralmente associado a doenças mentais) resulta de traumas passados.

No seu livro diz que há masturbações mentais benéficas e maléficas. Explique-nos.

Os pensamentos que nos causam sofrimento são pensamentos maléficos; pensamentos que nos trazem alegria, mesmo que estejam longe da realidade, são pensamentos benéficos.

Diz também que o pensamento originado por problemas imaginários é a mais maligna das masturbações mentais. Isto parece uma perca de tempo do nosso cérebro.

De facto, os nossos pensamentos automáticos são um tipo de poluição, porque são produzidos pela tensão acumulada na nossa memória, ou seja, no cérebro.

O nosso cérebro parece ser um cocktail de reações químicas. Conseguimos domar os pensamentos obsessivos com pensamentos positivos criados voluntariamente?

Absolutamente. Este é precisamente o caminho indicado pelo Buda.

A pandemia de COVID-19 deve ter feito emergir muito neurótico. Que conselhos tem para deixarmos de parte os pensamentos obsessivos?

As pessoas que falam muito e rapidamente e não ouvem os outros são normalmente afetadas por neuroses. A única solução capaz de diminuir a produção do pensamento automático é a imersão em ação (trabalho, hobbies, desporto). O uso de mantras, ou seja, a repetição mental de sentenças, é apenas uma solução temporária e não uma solução definitiva.

Como ‘Deixar-se de Masturbações Mentais e Desfrutar da Vida