Todos os membros da corrente Sadrista "não devem participar da sessão parlamentar de segunda-feira dedicada à eleição do presidente", anunciou em entrevista o líder parlamentar, Hassan al-Izari.

Após as eleições legislativas de outubro de 2021, a corrente Sadrista é a primeira força no Parlamento, com 73 deputados em 329. A sua ausência não causa, no entanto, falta de quórum pelo que, nesta fase, a sessão de segunda-feira não será cancelada.

Os deputados iraquianos são chamados a eleger o Presidente da República, decidindo entre 25 candidatos. Dois deles, ambos curdos: o ex-ministro Hoshyar Zebari e o atual titular, Barham Saleh. Por tradição, é escolhido um curdo.

Moqtada Sadr tem clamado constantemente por um governo de "maioria nacional" formado pelos partidos que obtiveram as melhores pontuações na votação.

Sadr iniciou uma reaproximação com o influente chefe do Parlamento Mohamed al-Halboussi, mas também com o Partido Democrático do Curdistão (PDK, 31 deputados), representado na eleição de segunda-feira por Hoshyar Zebari.

Nos últimos dias, o suposto envolvimento de Zebari num caso de corrupção irritou parte da opinião pública, já que Moqtada Sadr se apresenta como defensor da corrupção.

Os dois principais partidos curdos apresentam um candidato cada um este ano, um obstáculo ao acordo tácito entre os curdos, tornando a presidência reservada aos rivais do PDK, a União Patriótica do Curdistão (UPK, 17 deputados).

"Se o candidato do PDK aliado não cumprir as condições (...) peço aos deputados da reforma que não votem nele", referia na sexta-feira Sadr na sua conta da rede social Twitter.

"A nossa retirada é uma mensagem dirigida aos curdos, em particular ao PDK, para que eles concordem com um único candidato", disse à agência de notícias AFP um deputado do bloco Sadrista, falando sob anonimato devido à sensibilidade do assunto.

O eleito lembra que Zebari "não reúne consenso", apontando o dedo para a "oposição política e popular".

Zebari foi demitido pelo parlamento em 2016 após escândalos de corrupção e suspeitas de desvio de fundos públicos.

"A justiça iraquiana nunca me condenou", insistiu em entrevista na sexta-feira.

As acusações referiam-se, em particular, a 1,8 milhões de dólares que teriam sido pagos por passagens de avião ao seu guarda-costas.

RCP // EA

Lusa/fim