Apesar do alerta, a AIEA assegurou que não detetou quaisquer fugas radioativas desde que Israel lançou a ofensiva contra o Irão, na sexta-feira.

Grossi informou hoje o Conselho de Governadores da AIEA de que a agência da ONU com sede em Viena acompanha a situação de perto desde o início do conflito.

Disse que o centro de crise da AIEA está a trabalhar 24 horas por dia para avaliar o nível de radiação nas principais instalações iranianas.

O objetivo é poder responder a uma eventual emergência no prazo máximo de uma hora, explicou, de acordo com a agência de notícias espanhola Europa Press.

As análises excluíram danos na central de enriquecimento de Fordo e no reator em construção de Jondab, enquanto os danos ocorridos nas centrais de Isfahan e Natanz não provocaram fugas, pelo menos no exterior.

No caso de Natanz, haveria "contaminação radiológica e química" dentro da própria central, possivelmente devido à dispersão de isótopos de urânio.

Este tipo de contaminação pode representar um risco em caso de inalação ou contacto com a água, mas, segundo Grossi, pode ser controlado com materiais de proteção adequados.

"A escalada militar ameaça vidas, aumenta a possibilidade de uma fuga radiológica com consequências graves para a população e o ambiente e atrasa o trabalho indispensável para uma solução diplomática que garanta a longo prazo que o Irão não obtenha uma arma nuclear", afirmou.

Na intervenção perante o Conselho de Governadores da AIEA, o diplomata argentino à frente da agência desde dezembro de 2019 apelou também para a "máxima contenção" de "todas as partes".

Apelou ainda a todos os países membros da AIEA para colaborarem numa aproximação entre as partes.

Disse estar pronto para "viajar o mais rapidamente possível para avaliar a situação e garantir a segurança e a não-proliferação" no Irão.

Sobre a situação dos últimos dias, marcada por "circunstâncias complicadas e complexas", Grossi alogiou a troca de informações entre a AIEA e as autoridades iranianas.

A troca de informações é fundamental que a comunidade internacional esteja a par do que se passa no terreno e possa prestar "assistência sanitária" em caso de emergência, afirmou.

Grossi prometeu que a AIEA "não vai ficar à margem" do conflito, o segundo em três anos entre dois países membros da organização que possuem instalações nucleares, como acontece desde 2022 no caso da Rússia e da Ucrânia.

Israel e o Ocidente acusam o Irão de desenvolver um programa nuclear para obter armas atómicas, mas a República Islâmica afirma que visa apenas fins civis, nomeadamente a produção de energia.

Israel lançou uma ofensiva contra o Irão na sexta-feira, alegando ter como alvo as infraestruturas nucleares e militares iranianas, o que desencadeou uma resposta iraniana com o bombardeamento de cidades israelitas.

Os bombardeamentos israelitas mataram pelo menos 224 pessoas no Irão, incluindo altos comandos militares, cientistas nucleares e civis, de acordo com as autoridades iranianas.

Teerão retaliou com ataques de 'drones' e mísseis, que mataram pelo menos 24 pessoas em Israel, segundo o Governo israelita.

O Irão não reconhece Israel e acusa regularmente Telavive de sabotar as infraestruturas nucleares e assassinar cientistas iranianos ligados ao programa nuclear.

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