Em conferência de imprensa, na sede do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o advogado Suleimane Cassamá explicou que depois de uma investigação feita pelo coletivo se chegou à conclusão que não existe qualquer processo no Ministério Público.

"O que existe é uma cabala, uma perseguição política, porque não existe processo nenhum", afirmou.

O Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Fernando Gomes, confirmou a semana passada aos jornalistas que Aristides Gomes está indiciado por vários crimes e que estão a trabalhar com a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o assunto.

Aristides Gomes está sob custódia das Nações Unidas há vários meses, apesar de a organização nunca o ter confirmado oficialmente.

O PAIGC pediu à ONU, bem como à restante comunidade internacional, para "assegurarem a permanência de Aristides Gomes nas instalações das Nações Unidas, em condições de segurança e dignidade para garantia da sua integridade física e moral".

Aristides Gomes foi nomeado primeiro-ministro da Guiné-Bissau em 2018 pelo então Presidente guineense José Mário Vaz.

Após as eleições legislativas de 2019, ganhas pelo PAIGC, Aristides Gomes voltou a ser nomeado primeiro-ministro do país, depois de José Mário Vaz ter recusado nomear para o cargo o líder do partido, Domingos Simões Pereira.

Ainda como Presidente do país e uns meses antes da realização de eleições presidenciais, José Mário Vaz demitiu Aristides Gomes e nomeou Faustino Embali, do Partido de Renovação Social (PRS) para o cargo.

A decisão foi amplamente criticada pela comunidade internacional, que recusou reconhecer o Governo de Faustino Imbali, com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a admitir a imposição de sanções.

Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.

Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela CEDEAO, que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais.

Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabiam, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.

Nuno Nabiam acabou por fazer aprovar o seu programa de Governo no parlamento guineense, com o apoio de cinco deputados do PAIGC, que o partido considera terem sido coagidos.

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