"Acho, sinceramente, que vai acabar por ser uma opção menos democrática. De certa forma vai condicionar as opções dos restantes partidos que têm assento na Assembleia e no executivo municipal, porque vão ficar invariavelmente condicionados", defendeu Rui Pedro Afonso, cabeça de lista pelo Chega à Assembleia Municipal do Porto nas eleições de 26 de setembro.

Rui Pedro Afonso, presidente da Comissão Política Distrital do Porto do Chega, considera que o acordo era a "opção natural" para o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que, sem maioria absoluta, seria forçado a negociar caso a caso com a oposição.

"Há uma estratégia clara, que não tem propriamente a ver com governabilidade da cidade, mas sobretudo com condicionamento dos outros partidos", disse.

Com este acordo, acrescentou, o independente não necessita de dialogar com as restantes forças políticas para viabilizar as suas propostas, dado que, com o apoio do PSD - que elegeu dois vereadores -fica em maioria.

Salientando que é necessário e importante perceber melhor os termos deste acordo, Rui Pedro Afonso não estranha, contudo, que o PSD tenha sido a escolha do movimento independente que, diz, sempre esteve mais alinhado com o centro-direita.

Na quarta-feira, em comunicado, o movimento do independente Rui Moreira "Aqui Há Porto" avançou que o PSD, "respeitando o princípio de que quem ganha as eleições autárquicas governa", mostrou-se disponível para apoiar uma solução de governação que incorpore algumas das principais propostas para a cidade.

A redução da carga fiscal, a transferência de competências para as freguesias, a mobilidade, a criação de uma rede de creches e a redução da fatura da água são algumas das propostas que unem o PSD e o movimento independente, depois de uma "reflexão no sentido de construir uma solução de governabilidade para a cidade" nos próximos quatro anos.

No âmbito do acordo de governação, o PSD não terá representação nos pelouros do executivo, nem nas empresas municipais.

No entanto, na Assembleia Municipal, o PSD irá apresentar a candidatura de Sebastião Feyo de Azevedo, antigo reitor da Universidade do Porto, a presidente da mesa, e esta será subscrita e apoiada pelo Movimento "Aqui Há Porto".

A mesa da Assembleia Municipal do Porto foi durante os últimos dois mandatos presidida por Miguel Pereira Leite, do movimento independente, que não se recandidata ao cargo.

Sem maioria absoluta no executivo, o independente Rui Moreira foi reeleito presidente da Câmara do Porto, tendo o Bloco de Esquerda (BE) eleito, pela primeira vez, um vereador, enquanto o PS perdeu um e o PSD duplicou o mandato de 2017, elegendo dois.

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