De acordo com o sistema de alarme Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão governamental que monitora os biomas do Brasil através de satélites, o número de fontes de calor na parte brasileira da amazónia mais do que dobrou face aos 2.562 registos contabilizados em junho.

Foi o maior número de incêndios florestais na Amazónia brasileira para um mês de julho desde 2020, quando foram registadas 6.803 fontes de fogo na região.

Segundo o INPE, o número de incêndios acumulados nos primeiros sete meses do ano subiu 13% (12.906) face aos 11.364 registos totalizados no mesmo período em 2021.

Após a trégua que ocorreu em 2021, quando as fontes de calor na Amazónia caíram 37% face a 2020, os dados dos últimos meses acionaram novamente os alarmes para fortalecer os controlos e evitar um novo desastre na floresta amazónica.

A organização ambientalista Greenpeace denunciou que a maioria das queimadas registadas em julho são ilegais porque desde junho passado vigora no Brasil um decreto do Governo que proíbe agricultores de usarem fogo para limpar áreas de cultivo tanto na Amazónia quanto no Pantanal.

Para a Greenpeace, os dados de julho indicam que a situação pode piorar porque este mês é apenas o início do verão amazónico, quando ocorre o período de maior estiagem na região.

"Estamos no início da temporada com menos chuva e humidade na região, onde, infelizmente, a prática de incêndios florestais costuma saltar, seja para queimar áreas que foram recentemente devastadas ou para queimar resíduos florestais que já foram degradados por atividades ilegais de exploração de madeira", disse o porta-voz do Greenpeace Brasil para a Amazônia, Rómulo Batista.

"Toda essa destruição e incêndios, além de dizimarem a floresta e sua rica biodiversidade, também afetam a saúde da população local devido à fumaça e fuligem que geram", acrescentou o ativista.

Para o Greenpeace, o agravamento dos incêndios é reflexo dos atos e omissões do Governo do líder pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e dos atuais legisladores, que, em defesa dos interesses do agronegócio, promovem o desmantelamento de políticas sociais que o Brasil implementou a partir da Constituição de 1988.

Bolsonaro, que pretende ser reeleito em outubro para um novo mandato de quatro anos, defende a exploração económica da Amazónia e o fim da demarcação de novas reservas indígenas.

A política ambiental é um dos principais motivos de críticas dos candidatos da oposição, principalmente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que as sondagens de intenção e voto apontam como o principal favorito para vencer as eleições presidenciais em outubro próximo.

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