
Na competição internacional dedicada à excelência das cartas de vinhos promovida pela The World of Fine Wine, a oferta do Rei dos Leitões conquistou um dos prémios europeus a concurso: Melhor Carta de Vinhos Regional nos World’s Best Wine Lists Awards 2025.
Com esta distinção, o premiado restaurante da Mealhada (Garfo de Prata no Guia Boa Cama Boa Mesa 2025) está agora na final global, ao lado dos outros cinco restaurantes vencedores regionais. No próximo dia 15 de setembro, é anunciado o grande vencedor mundial da melhor carta de vinhos. É a primeira vez que um restaurante português é distinguido neste concurso.
O prémio atribuído ao Rei dos Leitões insere-se nas Regional Category Awards, em que são eleitos os melhores estabelecimentos em cada uma das seis grandes regiões do mundo. Ao vencer na categoria Melhor Carta de Vinhos Regional nos World’s Best Wine Lists Awards 2025, o restaurante da Mealhada vai representar a Europa na corrida aos Prémios Globais, cujos vencedores são anunciados numa cerimónia de gala no histórico Savoy Hotel, em Londres.
Licínia Ferreira, responsável pelo Rei dos Leitões, expressa a enorme satisfação por esta conquista internacional associada aos vinhos: “Estamos imensamente gratos à nossa equipa e a todos os que fazem do Rei um restaurante especial. É um momento muito importante para nós este reconhecimento internacional.”
Tesouros vínicos
A lista de vinhos da garrafeira Rei dos Leitões é impressionante, contando, com 37 aperitivos, 118 referências de champagne, 231 espumantes, dos quais 164 são da Bairrada. Nos vinhos brancos, estão listadas 994 referências, com 378 locais, e nos tintos constam 1948, sendo que 1198 são de produtores da região. Nos vinhos Rosé há 291, com 97 bairradinos, e na categoria Vinhos do Mundo, um total de 118 descritos na lista de vinhos. Para acompanhar as sobremesas, contam-se 276 vinhos do Porto, 114 destilados, e 67 aguardentes, das quais 54 são da Bairrada.
As maiores preciosidades da garrafeira do Rei dos Leitões são: Caves São João – Reserva particular de 1961 (€357,47); Garrafeira de Dores Simões, de Cantanhede, de 1982 (€1447,47); Gonçalves Faria, Garrafeira 1990, Especial Tonel 5 (€416,47) e Casa de Saima, Garrafeira de 1990 (€427,47).
Viagem pela história do Rei
Na década de 30 do século XX, funcionava, onde hoje se localiza o Rei dos Leitões, uma pequena taberna, com um corredor e um balcão. Servia copos de vinho e, possivelmente, petiscos como torresmos e chouriço. Era gerida pelos tios e padrinhos de Licínia, com quem ela cresceu. Quando Arménio de Sá Camboa conheceu a tia de Licínia Ferreira, a atual proprietária, Maria Olímpia, “tinha uma figura imponente, era cuidadoso na maneira de se apresentar e tocava guitarra portuguesa”. As pessoas chamavam-no “Rei” e o restaurante fundado pela dupla, no local da taberna, também ficou assim conhecido e teve um momento definidor: a 15 de maio de 1947, numa quinta-feira da Ascensão, feriado na Mealhada, foi aqui assado o primeiro leitão. Assim nascia um negócio de sucesso.
Em meados da década de 80 fez-se uma grande obra, investindo-se num matadouro próprio e assadouro conformes à lei. O número de fornos subiu de dois para seis e, a partir de finais dos anos 80, foi sempre a crescer: “Era já uma casa com muito movimento. Especialmente ao fim de semana, havia pessoas em espera para almoçar e, nalguns fins de semana e feriados, o serviço não parava durante a tarde” contou Licínia Ferreira.
Após a crise económica 2008, que impactou a afluência, e com o cansaço a crescer, Licínia junta-se a António Paulo Rodrigues, que veio da banca com uma visão “fresca” sobre as valias e pontos menos fortes do restaurante. Percebeu que era necessário “alguma visão crítica, sem ser romântico”, que o Rei precisava, desde logo, de mudar a imagem e “mostrar-se ao mundo”. A primeira grande obra foi em janeiro de 2011 e a segunda em 2013, entretanto, temos melhorado, investido na formação, nas instalações, melhoria visual do restaurante e na carta de vinhos. "Fomos lentamente introduzindo novos pratos, mantendo o cariz tradicional e nunca tirando o foco do leitão, que será sempre o nosso produto âncora, mas aceitando haver pessoas que não gostam ou não comem carne”, substancia António Paulo Rodrigues. Em 2017 surge o primeiro grande reconhecimento nacional, com a atribuição de um Garfo de Ouro, pelo guia Boa Cama Boa Mesa. Seguiram-se outros prémios, incluindo a atribuição de um Garfo de Platina, em 2021 e 2022.
Distinguido com Garfo de Prata, no Guia Boa Cama Boa Mesa 2025 pode ler-se sobre o restaurante Rei dos Leitões (Avenida da Restauração, 17, Mealhada, Tel. 968123084):
De um representante da realeza gastronómica esperam-se boas surpresas. Este ano começam no exterior, com um fire pit e o escanção Carlos Marques a readaptar um cocktail clássico a aperitivo, com um “Ceviche de garoupa”. Já na sala, em constante atualização decorativa, inicia-se com guloso queijo Monte da Vinha, “Santola ao natural”, presunto 5 Jotas, “Rissol de leitão” e pães, três deles feitos por Elisabete Ferreira, a padeira de Gimonde distinguida como melhor do mundo. No restaurante de Licínia Ferreira e António Paulo Rodrigues o “Leitão à Bairrada” é soberano. Mas a satisfação pode conhecer muitos outros caminhos, pautados pela qualidade dos produtos e harmonizados com mais de quatro mil referências vínicas. Tanto pode saborear a frescura de um peixe do dia cozinhado a vapor, sobre um creme de batata e espargos selvagens, como um “Linguini com trufa”, um “Bitoque de carabineiro” ou um “Carré de borrego” e carnes premium como a Kobe. Aos doces intemporais, como o “Morgado do Buçaco”, juntam-se por vezes propostas inesperadas e preparadas com frutas exóticas, como o coco, o maracujá ou a manga.
O restaurante Rei dos Leitões serve em contínuo, das 12h00 às 21h00, e encerra à terça e quarta-feira. Dispõe de área especial e menu para os amigos de quatro patas.