Cada pessoa tem a sua forma de andar, dormir, beber ou até mastigar, mas a verdade é que mesmo individualizados, enquanto seres humanos podemos sofrer dos mesmos problemas. O bruxismo é definido como um distúrbio de movimento involuntário, caracterizado pelo apertar e ranger dos dentes, onde é aplicada força excessiva na musculatura mastigatória, provocando um desgaste dos dentes.

O Instituto de Implantologia afirma que entre 15% a 90% da população já teve episódios de bruxismo, uma patologia muito associada ao stress mas que, contudo apenas 5 a 20% tem consciência do acontecimento. Este é um comportamento que, na grande parte dos casos, não acarreta qualquer tipo de problema. No entanto, se persistir de forma regular, pode desgastar os dentes e toda a musculatura da mandíbula e, ocorrendo durante a noite, pode ser considerado como sintoma de perturbação do sono.

Fatores externos e internos

Quanto à sua etiologia, o bruxismo surge essencialmente a nível do sistema nervoso central, e pode ser associado em 70% dos casos a causas patofisiológicas (perturbações do sono, apneia, etc.), a fatores neuroquímicos, isto é, medicação e drogas, fumo do tabaco ou consumo de álcool, transformações genéticas), em 20 % dos casos a perturbações de stress, ansiedade, alterações da personalidade e humor, e em 10% a mudanças morfológicas (morfologia facial, assimetria condilar, forma arcada dentária, entre outros).

Sintomas de alarme

Independentemente das causas, tipologia e do grau de bruxismo que a pessoa possa sofrer, entre os sinais e sintomas que deve estar atento incluem-se:

– Ranger ou apertar de dentes suficientemente audível para acordar a pessoa ao nosso lado;

– Dentes que ficam desgastados, fraturados ou soltos;

– Esmalte dos dentes gasto, expondo camadas interiores dos dentes;

– Dor crescente nos dentes ou sensibilidade dentária;

– Músculos da mandíbula cansados ou “presos”, não “abrindo” na totalidade;

– Dores no maxilar, pescoço ou face;

– Dor semelhante a uma dor de ouvidos, apesar de não ter nenhum problema nessa zona;

– Dores de cabeça que começam na região lateral da cabeça (entre os olhos e orelhas);

– Danos derivados da mastigação;

– Distúrbios do sono.

Por um lado, quando o diagnóstico apresenta um tipo de bruxismo mais leve, pode não vir a necessitar de tratamento médico, mas ainda assim existem casos em que a degradação dos dentes atinge tal nível que necessita de intervenção terapêutica e/ou comportamental. É um distúrbio silencioso que embora recorrente, torna-se complexo detetar a sua existência, principalmente quando ocorre durante o sono. No entanto, este é um comportamento que pode ser atenuado com o devido acompanhamento médico.

Abordagem terapêutica

Antes de mais deve ser despistada qualquer patologia, ou derivado da medicação, que possa estar por trás do bruxismo como sintoma secundário. O aconselhamento médico relativamente a bons hábitos de sono e técnicas de relaxamento pode ter efeitos positivos numa abordagem inicial.

A utilização de uma goteira oclusal, durante a noite, pode proteger os dentes de algum dano causado, sobretudo em casos de bruxismo detetados através de uma eletromiografia. Além disso, é necessário perceber que um tratamento multidisciplinar onde o desporto, a postura e novos bons hábitos de vida são fundamentais, já que a componente do stress é uma das chaves desta patologia.

Estratégias de prevenção

Existem alguns comportamentos que podem ser adotados para evitar o bruxismo. Entre outras dicas incluem-se:

– Evitar o consumo de alimentos e bebidas que contenham cafeína como refrigerantes, chocolates ou café;

– Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;

– Evitar mastigar pastilha elástica, uma vez que intensifica a atividade dos músculos da mandíbula;

– Treine-se para não ranger os dentes. Se verificar que o faz durante o dia coloque a língua entre os dentes de modo a praticar o relaxamento dos músculos da mandíbula;

– Relaxe os músculos da mandíbula de noite com uma toalha quente junto à bochecha.

Bruxismo nas crianças

O Bruxismo também pode ocorrer nas crianças, particularmente em dois momentos, aquando do nascimento dos primeiros dentes ou com o surgimento da dentição permanente. Além de fatores morfológicos, esta patologia nas crianças pode ser um indicativo de alergias, distúrbios intestinais, ansiedade e stress. Existem algumas medidas que podem ser tomadas para evitar o crescimento do problema, mas é sempre importante consultar o seu médico dentista. Apesar da idade, o dormir é comum a todos e, embora o nosso corpo esteja “em repouso”, a verdade é que é durante este tempo que gastamos mais energia. Por isso, é importante dormir bem e com qualidade. É necessário estar atento a todos os sintomas e, na dúvida, procure a ajuda de um profissional de saúde.