Prestar contas, sendo uma obrigação legal, deve ser sobretudo uma obrigação ética. Não apenas aos que votaram em nós e, por isso, têm reforçadas expectativas, mas também aos que não votaram e esperam o melhor da gestão pública.
Acho por isso muito importante que a Câmara Municipal tenha decidido percorrer as freguesias do concelho a prestar contas. Cinco pontos são para mim importantes.
1. Prestar contas é tornar claro o que se fez, como se fez e porque se fez. Por um lado, como se cumpriram os compromissos assumidos nas últimas eleições. Por outro lado, que oportunidades surgiram durante o mandato que, não estando previstas, o município aproveitou ou, se não se aproveitou, qual o motivo.
2. Prestar contas é também explicar o que não se fez. Admitindo que os recursos são limitados, que há muitas coisas por fazer, porque se optou por umas e não por outras. Se preferirmos, como se estabelecem prioridades e de que forma elas se justificam.
3. Prestar contas é permitir avaliação. A avaliação de um mandato é tão mais justa quanto mais permitir o escrutínio sobre as opções. Porque se requalifica primeiro uma escola e não outra, porque se priorizou a estrada de cima e não a de baixo, porque se fez saneamento aqui e não ali, porque se investiu mais em dança ou em teatro, etc., etc., etc.
4. Prestar contas é, ainda, a melhor forma de perceber qual era o ponto de partida e qual é o ponto de chegada e, por isso, apesar do espanto da oposição, a prestação de contas faz-se nestas alturas, não por haver eleições, mas por ser o fim dos mandatos. Perceber o ponto de chegada é fundamental para voltar a propor um ponto de partida.
5. Um último ponto é para mim muito relevante. Como responsável de um partido, devo ser o primeiro a exigir esta prestação de contas pública. No fim, não teremos todos que concordar com as decisões ou as opções, mas temos todos que sentir confiança no que foi feito, qualquer que venha a ser no futuro, a nossa escolha eleitoral.

Bruno Aragão, Presidente da Comissão Política Concelhia do PS