A Universidade de Évora (UÉ) garante que cerca de 90% dos alunos do mestrado em Enfermagem concluem os estudos no tempo previsto, contestando dados divulgados pela Direção-Geral de Estatísticas segundo os quais ninguém fazia o curso sem chumbar.

No final de junho, o portal Infocursos divulgou um conjunto de informações sobre mais de seis mil cursos disponíveis no ensino superior, apresentando vários indicadores, incluindo a “Taxa de conclusão”, no qual o mestrado de Enfermagem da Universidade de Évora surgia como um dos cursos em que nenhum alunos tinha conseguido terminar os estudos no tempo previsto.

A Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) usou como principal fonte os dados reportados pelos estabelecimentos de ensino superior nos inquéritos “Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior” (RAIDES), entre 2014 e 2023.

Na tabela da DGEEC, o mestrado de Enfermagem da Universidade de Évora surge como um dos cursos em que “0” alunos terminou os estudos no tempo previsto.

No entanto, em declarações à Lusa, a vice-reitora da instituição, Noémi Marujo, afirma que “a apresentação dos dados da DGEEC, conforme referido, não reflete com exatidão a realidade da Universidade de Évora”.

O mestrado em Enfermagem é um curso ministrado em associação entre várias instituições, “sendo a Universidade de Évora e o Instituto Politécnico de Setúbal apenas duas das entidades envolvidas, às quais se juntam os Institutos Politécnicos de Portalegre, Beja, Castelo Branco e a Universidade do Algarve”, explica.

Noémi Marujo considera por isso “tecnicamente incorreto e manifestamente injusto” individualizar uma das instituições.

O mestrado funciona de forma rotativa entre as seis Instituições de Ensino Superior parceiras e no ano letivo de 2023/2024 a Universidade de Évora não era a instituição de acolhimento, acrescenta Noémi Marujo.

A Universidade de Évora assumiu essa responsabilidade nos anos letivos de 2016/2017 e de 2020/2021, anos em que “cerca de 90% dos estudantes concluiu o ciclo de estudos no tempo previsto”, acrescenta.

A DGEEC explica que, para calcular este indicador, os anos letivos em causa variam consoante a duração teórica do curso, sendo possível perceber quantos alunos concluíram o curso no tempo esperado, quantos precisaram de mais um ano (N+1) ou de mais três anos para ter o diploma (N+3).

“Os anos letivos de referência para os diplomados são fixados em 2019/2020 (N), 2020/2021 (N+1) e 2022/2023 (N+3). Os anos letivos de referência para os inscritos no 1.º ano, pela 1.ª vez, diferem consoante a duração teórica do curso. Por exemplo, no caso das licenciaturas 1.º ciclo de 3 anos, o ano letivo de referência para os inscritos no 1.º ano, pela 1.ª vez, é 2017/2018”, lê-se na nota técnica que acompanha a base de dados da DGEEC.