Os estragos causados pela depressão ‘Martinho’ em março, nos estabelecimentos de ensino do Agrupamento de Escolas da Baixa da Banheira, Vale da Amoreira e Moita, levaram Elisabete Afonso, à reunião do executivo da Câmara Municipal da Moita, que teve lugar esta quarta-feira.

Docente e membro do Conselho Geral do Agrupamento, Elisabete Afonso questionou os autarcas sobre a demora na reparação dos danos, “que aumentaram os riscos de segurança, com blocos sem poder receber aulas, onde a chuva continua a entrar, com árvores que foram derrubadas, em grande quantidade e de grande porte, que ainda não foram retiradas do local, o que leva a que vários espaços estejam vedados aos alunos.”

O Diário do Distrito tem conhecimento de que no referido Agrupamento há uma escola onde as aulas funcionam no espaço da biblioteca, por falta de salas de aula, e que o equipamento informático e dos laboratórios de físico-química também foram afectados.

A munícipe referiu ainda que «um tecto desabou num dos blocos e neste momento temos dezenas de alunos sem aulas. Estamos a vedar o curriculum aos alunos, e quero ver como vamos recuperar esse tempo.”

Além destes problemas, Elisabete Afonso indicou outros problemas estruturais «num mega-Agrupamento que engloba quatro escolas e com muitos jovens, muitos deles em situação vulnerável», apontando casos como «a necessidade de substituição de portas, a falta de acessibilidade dos alunos em cadeira de rodas ao primeiro andar dos pavilhões, o que não lhes permite assistir às aulas, e a falta de manutenção dos jardins e espaços verdes.

Já tive alunos a pisar ratos nas traseiras da escola, que tem um enorme espaço exterior que podia ser bem aproveitado, mas tal não acontece. Neste momento não há condições de segurança nem de trabalho.”

O presidente da Câmara Municipal da Moita, Carlos Albino, garantiu que “a autarquia sempre articulou de forma muito próxima com o director, com o delegado regional, com a DGEST e outras entidades nas questões relacionadas com as escolas do concelho”.

Respondendo aos pontos apresentados, o autarca frisou que “a escola que referiu nunca teve acessibilidades para alunos em cadeiras de rodas ao primeiro piso, não é só de agora. E está como provisória desde a data da sua construção.

Os muros que estão a cair junto ao campo de futebol, foram identificados pelo município, e já tínhamos o procedimento para avançar com a obra, mas foi o delegado regional da Educação que nos informou que as obras não eram trabalho de manutenção, passando a ser responsabilidade da DGEST, que aguardamos agora que intervencione o espaço. Da nossa parte, foi delimitado com um perímetro de segurança o espaço junto dos muros por risco de queda.”

Carlos Albino explicou também que «no contrato de delegação de competências, a Câmara Municipal apenas é responsável pela manutenção. Não é responsável por resolver os problemas que existem há décadas, embora em vários agrupamentos a Câmara o tenha feito em nome do superior interesse dos alunos.”

Acerca da manutenção dos espaços verdes, relembrou que “a Escola Secundária do Vale da Amoreira, na Baixa da Banheira, é das que tem mais espaço verde a nível nacional, o que representa custos elevados na manutenção dos espaços verdes”.

Já sobre a questão da substituição das portas, “normalmente as coisas não se partem de forma espontânea, tal como isso não acontece nas nossas casas, ou nos espaços públicos. Quando se partem sanitários, portas ou vidros numa escola, há responsáveis.

O que temos de nos interrogar é o que a comunidade educativa e quem coordena em concreto a Escola 2, 3 do Vale da Amoreira, faz para identificar esses responsáveis.

O que me preocupa é se estes casos de vandalismo, assim como os de bulliyng e agressões a docentes são reportados para as autoridades e se existem medidas tutelares educativas para quem pratica esses actos.

A autarquia já está a actuar, em muitos dos casos, para lá do que são as nossas responsabilidades, e não tem uma varinha mágica para resolver tudo.”

Vereador garante que estragos causados pela depressão ‘Martinho’ estão a ser reparados

“A Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia têm vindo a dar prioridade nos arranjos causados pela depressão Martinho, e já reportámos ao ministério da Educação o relatório dos estragos. Já foram feitas duas intervenções” garantiu também o presidente da edilidade, que remeteu depois mais esclarecimentos para o vereador da Divisão de Desenvolvimento Educativo, António Pereira.

Este explicou que “foi feito o abate das árvores que estavam pendentes após a passagem da depressão, e que comprometiam alguns acessos, intervenção na qual foram gastas largas centenas de euros.

Relativamente aos danos causados no edifício do Bloco E, deixa-nos muito preocupados, e temos reforçado junto do delegado regional a necessidade urgente de intervenção, porque temos noção da deterioração dos equipamentos.”

António Pereira reconhece que se tratam de “intervenções prioritárias e já foram adjudicadas as obras, que vão passando de escola para escola, porque todas as da Agrupamento foram afectadas, onde tivemos várias coberturas arrancadas.

O que posso adiantar é que a intervenção na Escola Secundária está em fase de acabamento, tal como na Escola D. Pedro II, e este ponto da situação tem sido sempre dado quer ao director do Agrupamento, quer ao delegado regional de Educação.

Tao breve quanto possível as obras vão passar para as outras escolas, mas a meteorologia também não tem ajudado com a chuva persistente.”

Acerca de outras obras de manutenção, garantiu também que «aos poucos estamos a fazer as obras que são necessárias e da competência da Câmara Municipal, porque muitos dos estabelecimentos já têm décadas e os problemas de manutenção são muitos».