
Em plena crise de incêndios florestais que volta a assolar o país, a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, afastou as críticas sobre a alegada falta de meios aéreos no combate às chamas. Numa visita realizada esta terça-feira à sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, a governante garantiu que Portugal dispõe atualmente de 75 meios aéreos, com 72 disponíveis de imediato, mas sublinhou que a sua eficácia é limitada por problemas de orografia acidentada e acessibilidades difíceis nos locais mais afetados.
“A complexidade das operações é tal que não ajuda saber quantos meios aéreos temos”, afirmou a ministra, acrescentando que o essencial passa por reconhecer o trabalho e o conhecimento técnico dos operacionais no terreno. “É preciso ter muito reconhecimento pelo saber destas pessoas e pelo que arriscam.”
A posição da ministra surge num momento em que vários concelhos do país enfrentam incêndios ativos de grandes proporções, alimentando críticas sobre a prontidão dos meios de socorro. No entanto, Maria Lúcia Amaral foi perentória: “Não faltam meios aéreos.”
Relativamente às ocorrências que mais preocupam as autoridades, a responsável governativa insistiu que a intervenção dos meios aéreos não é determinante, já que “os obstáculos estão nas dificuldades de acesso” e no relevo dos terrenos onde as chamas lavram com maior intensidade.
Questionada sobre as causas dos incêndios, Maria Lúcia Amaral apontou para a negligência como fator predominante, afastando a ideia de uma vaga de crimes associados a fogo posto. “Não podemos dizer que estas ignições que acontecem durante a noite sejam todas criminosas. Não sei”, declarou, mantendo prudência na atribuição de responsabilidades.
Acompanhada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, a ministra justificou a sua deslocação à sede da Proteção Civil com o intuito de aprofundar o conhecimento técnico sobre o combate aos incêndios. Admitiu que “não domina” a matéria, tal como a maioria dos cidadãos, o que motivou o contacto direto com os responsáveis operacionais.
Enquanto o país enfrenta mais um verão marcado pelas chamas, o Governo reafirma confiança no dispositivo existente, mesmo perante dúvidas e tensões no terreno. Resta saber se os meios — por terra e pelo ar — conseguirão responder à altura da ameaça crescente das alterações climáticas e da destruição das florestas portuguesas.