A Câmara Municipal de Lisboa atribuiu, a título póstumo, a Chave de Honra da Cidade a Salgueiro Maia, reconhecendo o papel determinante do capitão de Abril na Revolução de 25 de Abril de 1974, que devolveu a liberdade e a democracia ao povo português. A cerimónia de homenagem teve lugar no dia em que o militar completaria 81 anos de vida.

A distinção foi entregue à professora Natércia Maia, viúva de Salgueiro Maia, numa cerimónia marcada pela emoção e pela memória de um dos rostos mais simbólicos da revolução que pôs fim a quase meio século de ditadura em Portugal. Salgueiro Maia liderou as forças militares saídas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém que avançaram sobre Lisboa na madrugada do 25 de Abril, assumindo um papel decisivo para o sucesso da revolução dos cravos.

“Hoje fazemos justiça a alguém que mudou o país”, precisamente aqui, nesta cidade, recordou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. A homenagem ao símbolo de Abril, evoca o militar que “não quis protagonismo, não quis fama. Cumpriu a sua missão e retirou-se”, sublinhou.

De acordo com uma sondagem feita o ano passado, Salgueiro Maia foi considerado o militar mais importante do 25 de Abril para os portugueses, vincou Carlos Moedas. “Ele próprio o disse, poucos meses após a revolução, que aqueles que com ele fizeram aquele dia ofereceram tudo à liberdade”.

Esta é a mais alta distinção da cidade de Lisboa, e para Salgueiro Maia “tinha de o ser, porque ele foi quem em Lisboa nos deu tudo. Quem nos deu tudo sem pedir nada. Não nos esquecemos”, acrescentou o presidente da autarquia lisboeta.

Em 1968, quando estava na Guiné, “ele gostava que o país fosse mais justo, que houvesse maior igualdade. Era uma preocupação que ele tinha e que fazia parte da sua forma de estar”, recordou Natércia Salgueiro Maia.

A situação vivida no Terreiro do Paço, salientou a viúva do militar hoje homenageado, “foi realmente um momento de grande emoção” – eternizada na fotografia de Eduardo Gageiro –, “em que ele aperta o lábio. Foi assim que ele me explicou, porque estava realmente convencido que ali a guerra estava a ganhar, como ele costumava dizer”.

Apesar dos momentos de grande tensão, “manifestou sempre uma grande coragem, uma grande determinação, muito bom senso, e humanidade também, preocupação com as pessoas, e apostou muito no diálogo”, disse ainda. “Se tivesse saído um tiro, não sei se o 25 de Abril teria sido o mesmo”.

A Chave de Honra da Cidade é atribuída a personalidades, instituições ou organizações nacionais ou estrangeiras que – pelo seu prestígio, cargo, ação ou relacionamento com Lisboa – sejam considerados dignos dessa distinção.