
O coordenador da Área Social da Fundação Eugénio de Almeida, Henrique Sim-Sim, afirmou que o voluntariado deve adaptar-se às novas realidades sociais e promover ligações humanas num contexto marcado pela fragmentação e pela crescente automatização da sociedade.
As declarações foram feitas durante a conferência «Voluntariado e Inclusão: Caminhos para o Futuro», promovida pela Fundação Eugénio de Almeida a 5 de junho, em Évora, no âmbito da celebração dos 25 anos do seu Programa de Voluntariado.
Segundo o responsável, o projeto começou em 2001 com o objetivo de promover a cultura do voluntariado em Évora, no concelho e na região do Alentejo Central. Desde então, a Fundação tem desenvolvido iniciativas focadas na qualificação, na mediação entre voluntários e organizações, na criação de projetos de intervenção e na promoção da investigação e do conhecimento, num trabalho diário com resultados que considera satisfatórios.
Henrique Sim-Sim referiu que, ao longo destes 25 anos, houve momentos concretos de maior mobilização da sociedade civil, nomeadamente em 2011, com o Ano Europeu do Voluntariado, durante a pandemia de COVID-19 e após a invasão da Ucrânia. Reconheceu que em alturas de crise há uma maior disponibilidade das pessoas para o voluntariado, mas destacou também a importância do trabalho contínuo e estruturado, desenvolvido diariamente nas instituições e junto das comunidades.
A atuação da Fundação, explicou, abrange várias áreas, desde o voluntariado cultural e de proximidade ao voluntariado social, apoio à empregabilidade, apoio ao estudo e integração de comunidades migrantes. Sublinhou que os projetos são ajustados às dinâmicas da comunidade, procurando dar resposta aos seus desafios, através de inovação, criatividade e desenvolvimento.
Nos últimos anos, a Fundação passou também a estar envolvida em programas de voluntariado europeu, estando certificada pelo Corpo Europeu de Solidariedade, permitindo que jovens da comunidade possam realizar voluntariado noutros países. Considera que este contributo é relevante para o enriquecimento pessoal e coletivo e constitui uma mais-valia para o desenvolvimento da comunidade local.
Em relação ao futuro do voluntariado, Henrique Sim-Sim afirmou que é necessário encontrar novas respostas para os desafios que têm surgido nos últimos anos, alertando para o risco de afastamento entre as pessoas e para a importância de recuperar a proximidade. Acrescentou que, numa sociedade menos focada nas pessoas e mais centrada nas máquinas, é fundamental promover a ligação entre os cidadãos. Reconheceu que a pandemia contribuiu para um deslocamento social, e referiu que um dos principais desafios do voluntariado atual passa por conseguir juntar pessoas em torno de causas comuns.