
Somos consumidores de uma cultura global provocada pelo processo da globalização e, por isso, ela é cada vez mais comum nas nossas vidas. Hoje, comemora-se o Dia Mundial do Hambúrguer. Não vou entrar na discussão da história ou evolução do hambúrguer. A literatura ilustra bem essa complexidade que, segundo alguns autores, envolve diversas culturas, países e momentos históricos. Apenas referir que o McDonald’s e o Burger King transformaram o hambúrguer num fenómeno global. É um ícone da fast-food em todo o mundo, pensado particularmente para satisfazer as necessidades de muitas pessoas que procuram uma refeição rápida e de baixo custo.
Mas esta “iguaria” não se encontra apenas nas cadeias de fast-food. O hambúrguer é, hoje, presença constante nos menus de muitos restaurantes em todo o mundo. Ele atravessa fronteiras, adapta-se a paladares locais e, através da incorporação de ingredientes de várias origens, reinventa-se em múltiplos sabores e formas: vegan, carne, peixe, artesanal, gourmet, entre outros. Neste contexto, a globalização gastronómica não deve ser vista como um mal, pois pode promover a introdução de ingredientes locais em produtos globais. Assim, o hambúrguer transforma-se numa oportunidade para valorizar e divulgar tradições culinárias locais a uma escala mundial.
Hoje, numa cadeia como o McDonald’s, é possível encontrar versões de hambúrgueres que respeitam tradições gastronómicas: no México, são acompanhados com o famoso molho picante; no Japão, levam molho agridoce; na ilha da Madeira, são servidos em Bolo do Caco. No Alentejo, também, poderiam ser introduzidas umas ervas aromáticas nos hambúrgueres do McDonald´s.
Eu não costumo sair de casa para ir a um restaurante comer um hambúrguer. Mas, se o Chef Diego Buik (criador do hambúrguer mais caro do mundo) viesse a um restaurante em Évora, e me convidasse para provar o famoso hambúrguer num brioche banhado a ouro, eu ia logo a correr com o meu guardanapo de bordado madeira. Afinal, quando um hambúrguer é banhado a ouro, o mínimo que posso fazer é mastigar com classe. Mas, claro, usando sempre o meu guardanapo como marca da minha identidade regional: a Ilha da Madeira. Sublinhar que é através da identidade cultural que se consegue fazer frente aos produtos globais.
Para terminar, o hambúrguer continua a ser um ícone global, mas já não é apenas comida. É cultura e identidade.
Por: Noémi Marujo – Profª Associada da Universidade de Évora