O espírito comunitário e as tradições populares estiveram em destaque este sábado, 5 de julho, na freguesia de Santo Varão, concelho de Montemor-o-Velho, com a realização da 24.ª edição do Festival de Folclore de Santo Varão, promovido pelo Rancho Folclórico do Centro Beira Mondego. A iniciativa voltou a afirmar-se como uma celebração viva da cultura popular portuguesa, reunindo centenas de pessoas em torno do tema “Três to puseram, três to hão de tirar”, expressão tradicional associada às práticas de mezinhas, rezas e benzeduras das comunidades rurais.

À semelhança dos anos anteriores, o festival arrancou com uma sessão de receção às entidades convidadas e boas-vindas aos grupos participantes, numa cerimónia que contou com a presença do vice-presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, José Veríssimo, e do presidente da Junta de Freguesia de Santo Varão. A tarde foi animada com uma oficina de dança tradicional, aberta à comunidade, onde se partilharam ritmos e saberes das danças de raiz popular.

O ponto alto da noite decorreu junto à Igreja Matriz de Santo Varão, onde o espaço foi transformado em palco para uma encenação etnográfica baseada no tema do festival. A dramatização recriou com rigor e emoção o universo das práticas curativas ancestrais, marcando o início de uma noite de folclore autêntico, marcada pela diversidade cultural.

Desfilaram pelo palco quatro grupos de referência nacional: o Rancho Folclórico de Santa Marinha de Mogege, de Vila Nova de Famalicão (Baixo Minho); o Grupo Folclórico Tricanas de Ovar, representando a Beira Litoral Vareira; o Grupo Académico de Danças Ribatejanas, vindo de Santarém (Ribatejo); e os anfitriões, o Rancho Folclórico do Centro Beira Mondego — Santo Varão, orgulhosamente a representar a região do Baixo Mondego.

O evento, que se afirma como um marco no calendário cultural do concelho de Montemor-o-Velho, voltou a cumprir a missão de preservar e divulgar o património imaterial português, através da dança, da música e da representação cénica das tradições populares. Ao valorizar as raízes e os rituais que marcaram a vida rural durante décadas, o festival reafirma a importância das memórias coletivas e das práticas culturais que resistem ao tempo e ao esquecimento.

O sucesso da edição deste ano reforça o papel do Rancho Folclórico do Centro Beira Mondego como embaixador da identidade local, promovendo o encontro entre gerações e assegurando a continuidade de tradições que fazem parte da alma portuguesa.