
No âmbito das comemorações dos 50 anos de 25 de abril de 1974, o Museu Municipal de Marvão inicia essas efemérides com uma comemoração especial, que vai além da mera celebração do Dia da Liberdade. Ela remonta às suas raízes, à Implantação da República.
No dia 5 de outubro, às 10h30, o Museu Municipal de Marvão inaugura uma exposição temporária dedicada à Implantação da República e, ao mesmo tempo, presta homenagem a José Carrilho Videira, um Republicano Federalista natural de Marvão. A exposição apresentará uma nota biográfica, excertos do seu pensamento e alguns objetos relacionados com o ilustre marvanense.
Ao celebrar o 5 de outubro de 1910 em Marvão, o dia da implantação da República, é imperativo recordar José Carrilho Videira, um ilustrador marvanense que dedicou toda a sua vida à promoção dos ideais republicanos.
José Carrilho Videira foi um dos promotores mais influentes do movimento republicano em Portugal. Profundamente influenciado pelas ideias revolucionárias que circularam pela Europa na segunda metade do século XIX, ele defendeu a abolição da Monarquia em Portugal e a instituição de uma República Democrática Federal, inspirada no modelo suíço.
Nascido em 6 de novembro de 1845, na Rua do Castelo, na Freguesia de Santa Maria de Marvão, era filho de João Carvalho Videira (Santo António das Areias) e de Teresa de Jesus (Castelo de Vide). Faleceu em 25 de agosto de 1905, em Santo António das Areias, em cujo cemitério se guardam os seus restos mortais.
José Carrilho Videira utilizou a escrita como a sua ferramenta mais poderosa na luta pela Causa Republicana. Durante toda a sua vida, fundou os ideais de um mundo mais livre, igualitário e solidário através de seus escritos, bem como editando textos de outros pensadores. O seu pensamento alcançou publicações nacionais e internacionais, e ele manteve correspondências com intelectuais e políticos renomados de sua época, incluindo Victor Hugo.
Devido ao seu pensamento progressista e avançado para a época, José Carrilho Videira morreu em condições precárias e na miséria. Ele gastou todos os recursos obtidos com sua atividade de editor e livreiro, assim como os bens herdados de sua esposa e seus pais, com exceção da Casa Branca, na Asseiceira, freguesia de Santo António das Areias, para divulgar as ideias republicanas.
Enquanto o seu corpo encontrava sua morada final no cemitério de Santo António das Areias, oseu amigo Matos Magalhães proclamava emocionadamente: “Tua vida mal pode ser descrita em um livro – tão tumultuosa e acidentada foi – mas pode ser resumida em uma frase – foste um visionário da justiça (…) Não quiseste luxo em teu enterro – apenas pediste um lençol para cobrir tua nudez cadavérica (…) Não viste a realização de teu ideal aqui, mas morreste lutando por ele – foi como se o tivessem realizado. Não recuaste nunca, foi a morte que se apressou. Descansa em paz!”