O presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, António José Brito, apontou esta sexta-feira, durante a cerimónia de abertura do festival Sabores do Borrego, que decorre no concelho até domingo, as dificuldades enfrentadas pelos agricultores do Campo Branco, destacando a “excessiva burocracia” como um dos principais obstáculos à competitividade da agropecuária na região.

Ns palavras proferidas marcadas por críticas à forma como o Estado tem lidado com os processos ligados ao setor agrícola, o autarca referiu que «há muita burocracia no âmbito do Plano Zonal de Castro Verde, há muita burocracia nos processos relacionados com a língua azul, há muita burocracia e são criadas muitas dificuldades aos agricultores e aos produtores».

O festival, promovido pela autarquia em parceria com a Associação de Agricultores do Campo Branco e o Campo Branco – Agrupamento de Produtores Agropecuários, integra cerca de 70 expositores e um programa que inclui gastronomia, música, debates, palestras sobre matérias agropecuárias, sessões de showcooking, mostras de artesanato e produtos tradicionais, animação infantil e uma exposição de animais. Está ainda previsto o tradicional Almoço-Convívio com Pastores.

António José Brito salientou ainda que a agricultura continua a ser um pilar estruturante para o concelho e defendeu a necessidade de o governo central assumir uma postura mais ativa na eliminação de entraves administrativos. «É preciso que este governo e o governo que se segue seja capaz, de uma vez por todas, de agilizar os processos e acabar com as quintinhas que travam tantas vezes o fortalecimento da competitividade da nossa agricultura», afirmou.

O edil recordou que Castro Verde está classificado como Reserva da Biosfera da UNESCO, estatuto que considera ter sido possível graças ao papel desempenhado pela agricultura. «Uma agricultura que em Castro Verde nos ajudou a ser território distintivo, território distinto classificado como Reserva da Biosfera da UNESCO e que é evidentemente uma âncora para valorizar o concelho», disse.

Para além da crítica à burocracia, o presidente da autarquia sublinhou o esforço municipal no investimento em infraestruturas de apoio ao mundo rural, nomeadamente ao nível das acessibilidades. «Nos últimos dois anos, a Câmara Municipal gastou mais de 130 mil euros para melhorar e requalificar caminhos rurais e tem bastante mais para investir até ao final de 2025», adiantou. De acordo com o autarca, estão em curso obras que totalizam cerca de quatro milhões de euros, com o objetivo de «valorizar a coesão do território e criar melhores condições para todas as pessoas, incluindo as que vivem em pequenas aldeias e montes».

O presidente da câmara desafiou ainda o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo a visitar o evento, reforçando a importância do turismo como vetor complementar ao desenvolvimento rural. «O turismo é hoje um sector decisivo em Portugal e também tem de ser muito importante em Castro Verde», concluiu.

O festival Sabores do Borrego prossegue até domingo, com destaque para a gastronomia local e atuações musicais de vários grupos e artistas, como Emanuel, Némanus, Terra Velhinha, D’Abalada, e outros. Em paralelo, decorre a Semana Gastronómica do Borrego em restaurantes dos concelhos de Castro Verde, Aljustrel, Almodôvar e Ourique.