
O Calipolense – Clube Desportivo de Vila Viçosa rejeitou a subida à Divisão de Elite da Associação de Futebol de Évora (AFE).
Mesmo que desportivamente tenha conseguido o apuramento, «variadíssimas razões» impossibilitaram a subida, segundo João Frade, coordenador técnico do emblema, em declarações a’ODigital.pt.
Sendo uma delas a questão «financeira», uma vez que o clube está num processo de «transição», até porque «a direção tem poucos elementos».
«Estamos a reforçá-la, mas ainda não está nada oficializado», referiu o coordenador.
No entanto, realçou também que «o clube não conseguia garantir os seniores na divisão de elite e, ao mesmo tempo, todos os outros escalões que temos».
João Frade detalhou que a decisão «tema ver com os custos iniciais de divisão, de inscrição de jogadores e o decorrer da época».
«As taxas de jogo são muito mais caras, as inscrições dos jogadores também muito mais caras», o que, segundo o coordenador, poderia levantar «dois problemas».
O primeiro, «tínhamos de ir buscar jogadores, o que acarreta também o custo de transporte». O segundo «os jogadores, na divisão de Elite, estão habituados a receberem quantias muitas vezes até avultadas de dinheiro e não tínhamos forma de garantir pagamentos desse nível».
Desta forma, considerou que «não seria coerente» colocar o clube na referida divisão e «não garantir a sua continuidade».
Ainda assim, «não foi só uma decisão financeira», pois «não tínhamos plantel suficiente» e a «quantidade afetava claramente a qualidade do plantel e a Divisão de Elite, neste momento, requer muita qualidade».
«Não era garantido que chegávamos ao domingo e teríamos número de jogadores para jogar e, principalmente, ser competitivos nessa divisão», acrescentou João Frade.
Não só nos jogos, mas também «no treino», uma vez que «temos muitos jogadores estudantes e de forças de segurança em que há semanas que não conseguem treinar».
«A captação de jogadores aqui na nossa zona dos mármores é difícil, porque não temos universidade aqui e os jovens saem e, com muita dificuldade, regressam», complementou o coordenador.
«Tínhamos de pagar os jogadores para virem jogar para cá e os custos do plantel seriam demasiado elevados», disse ainda.
Questionado se a solução poderia passar pelas camadas jovens, João Frade realçou que a equipa «vai ter bastantes juniores» em 2025/26, mas não só.
«Estamos a tentar fazer a nossa equipa com regressos de jogadores que já não jogam há algum tempo, com jogadores que quiseram continuar connosco e com alguns jovens que transitaram da equipa de juniores», esclareceu.
No entanto, ainda há «dificuldades», porque, no caso dos jovens, «muitas vezes nem irão treinar», pois «muitos estudam em Évora, mas outros estudam em Lisboa, Beja, Portalegre e não estão cá durante a semana».
«Vamos ter de nos adaptar às realidades deles e proporcionar-lhes também o espaço para poderem treinar e jogar sempre que necessário», atirou o coordenador.
Desta forma, sublinhou que pensa que «foi a decisão correta» e que «muitas vezes é preciso dar um passo para trás, ou ficar onde estamos, para dar sustentabilidade ao clube».
«Temos de olhar para o clube num todo e não só para os seniores e acho que fica melhor assim», frisou João Frade.
De destacar que, perante esta decisão, o Juventude de Évora aceitou o convite da AFE para que a sua equipa secundária integrasse a Divisão de Elite, conforme o emblema eborense comunicou.