© Município de Montemor-o-Novo

O encerramento da 5ª edição do ARCA23, evento transdisciplinar de renome, marcou-se por uma exibição intensamente comovente e reflexiva. No último dia, 11 de novembro, o Cineteatro Curvo Semedo testemunhou a projeção de “Quem vai à guerra”, um documentário realizado por Marta Pessoa, em parceria com o Núcleo da Liga dos Combatentes de Montemor-o-Novo. Este evento, permeado de significados, reuniu uma plateia majoritariamente composta por antigos combatentes e familiares destes, proporcionando um momento de memória e reflexão sobre um período marcante da história.

A sessão teve um início solene, marcada por breves discursos de figuras proeminentes na comunidade. Pedro Conceição, do Cineclube & Filmoteca de Montemor-o-Novo, José Leal, Presidente do Núcleo da Liga de Combatentes de Montemor-o-Novo, e Henrique Lopes, Vereador do Pelouro da Cultura e Arte, dirigiram palavras feitas de reconhecimento à importância da projeção desta obra cinematográfica. Foi um momento em que se enalteceu o simbolismo da ocasião e se prestou homenagem aos protagonistas desta história real.

“Quem vai à guerra” lança um olhar profundo sobre um período histórico sensível e complexo: a Guerra Colonial, que entre 1961 e 1974 mobilizou milhares de homens para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Passados ​​mais de 60 anos desde o início deste conflito, o documentário destaca a delicadeza e a complexidade do tema, que muitas vezes é abordado através de uma perspectiva predominantemente masculina, embora a guerra tenha afetado a sociedade como um todo.

O filme reúne um elenco notável, composto por mulheres que partilham histórias, vivências e perspectivas únicas sobre esse período histórico. As participações de Ana Maria Gomes, Anabela Oliveira, Aura Teles, Beatriz Neto, Clementina Rebanda, entre outras mulheres cujos nomes são parte integrante dessa narrativa, conferem uma dimensão ímpar a esta obra.

Numa sociedade onde o discurso sobre a guerra muitas vezes se confina ao universo masculino, “Quem vai à guerra” destaca a importância de considerar as múltiplas vozes e experiências que permeiam esse contexto. Este documentário lança luz sobre o papel das mulheres, muitas vezes silenciado, mas de importância vital, durante um período tão perturbado da história.

A exibição deste documentário encerrou o ARCA23 com um impacto marcante, oferecendo à comunidade uma oportunidade única de reflexão, rememoração e reconhecimento da complexidade humana envolvida nos eventos históricos. Este encerramento reafirmou a missão do ARCA23 de promover diálogos e reflexões transdisciplinares que ampliam nossa compreensão sobre o passado e seu reflexo no presente.