"O primeiro ponto vai mesmo ser a questão do Covid-19", disse Mari Alkatiri em entrevista à Lusa de antecipação do encontro do partido que reunirá 300 participantes de todos os municípios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).

Ainda que a conferência seja dominada "fundamentalmente por temas políticos" -- dado o impasse que se vive em Timor-Leste, a reunião analisará igualmente questões económicas e sociais e os riscos da pandemia do novo coronavírus.

"O Estado deve começar já a dar maior seriedade à prevenção. Todos os países que agora estão a sofre mais, foram os que brincaram com a prevenção", afirmou.

"Eu compreendo outras dificuldades do Governo, que está a trabalhar com duodécimos, mas há medidas extremas e urgentes que devem ser ultrapassadas com decisões do Conselho de Ministros", considerou.

Em concreto, Mari Alkatiri referiu "adquirir mais meios para controlo e prevenção", meios de controlo eletrónico nos postos fronteiriços e mais controlo na fronteira em si, especialmente na "não formal".

"O isolamento é outra questão muito importante e não podemos deixar a população entrar em pânico. Temos que realmente socializar, disseminar mensagens claras não de pânico, mas que saibam que medidas tomar, o que podem fazer para prevenir a doença", afirmou.

Questionado sobre se Timor-Leste deve ou não fechar as suas fronteiras, Alkatiri disse que a ligação com a Indonésia, especialmente devido à fronteira terrestre, é o maior risco, já que a Austrália e a Indonésia têm controlos mais fechados.

"Mas em Timor-Leste temos é que nos preparar melhor para que este isolamento não seja imposto por outros países", disse.

"O portador de vírus é o ser humano, mas não precisa de passaporte", disse.

Neste quadro, o responsável da Fretilin disse que o partido "mantém a sua visão de Estado" e, por isso, vai ajudar a promover mensagens de sensibilização sobre medidas junto dos quadros "até ao nível da aldeia".

"Como maior partido do país, somos um partido que quer o Estado funcione na defesa dos interesses do povo", afirmou.

O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios.

Timor-Leste registou até ao momento dois casos considerados suspeitos, tendo conduzido testes a quatro pessoas, todos negativos.

No caso do segundo caso suspeito foi feito um teste preliminar que deu negativo mas, estando ainda a correr o período de incubação e havendo ainda alguns sintomas, será feito um novo teste em alguns dias.

Timor-Leste é um de 77 países e territórios ainda sem casos, segundo dados da OMS.

 

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