"O senhor Presidente da República tem muito talento e acompanha seriamente a situação e na devida altura vai tomar a sua decisão", afirmou Taur Matan Ruak, durante a conferência nacional da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), atualmente na oposição.

"Não vejo razão para preocupação. Enquanto isso, o Governo mantém as responsabilidades. Vamos ver daqui a mais uma ou duas semanas, o que pode ser a decisão. Mas garanto que não vai haver problemas e o Governo continua a desempenhar as suas funções", afirmou.

Taur Matan Ruak participou hoje na conferência nacional da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido no parlamento timorense e, depois de uma intervenção aceitou perguntas do público e de jornalistas.

À Lusa recusou-se a comentar declarações públicas de dirigentes do seu partido de que a nova coligação de maioria parlamentar, liderada por Xanana Gusmão e o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) -- que era parceiro da atual coligação de Governo -- estariam a fazer um golpe de Estado.

"Não faço comentários sobre golpe de Estado. Cada um assume as responsabilidades dos seus comentários", disse, referindo-se a declarações de dois membros da bancada do seu partido, o Partido Libertação Popular (PLP).

"Mas o certo é que o orçamento foi chumbado, a AMP [coligação do atual Governo] já não existe e que agora há novos arranjos políticos para um novo alinhamento político", disse.

Questionado sobre se o PLP aceitaria participar numa eventual coligação alternativa de Governo, Taur disse que "o papel chave é dos partidos mais votados, CNRT e Fretilin".

"Nós, os pequenos estamos disponíveis para ajudar no que podermos, e viabilizar a governação até 2023", disse.

O PLP tem oito lugares no parlamento de 65 cadeiras.

Antes o primeiro-ministro falou perante os cerca de 300 delegados da Fretilin, vindo de todos os municípios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e que se reuniram sob o lema "aprofundar a aliança com o povo e garantir a construção e a unidade da nação".

Referindo-se à dinâmica da política e da vida democrática, o chefe do Governo disse que liderar as soluções de Governo depende sempre dos partidos mais votados e que cabe aos pequenos, como o seu, "complementar" opções de governação

Matan Ruak analisou o que ocorreu nos últimos anos em Timor-Leste com sucessivas crises, a culminar com o chumbo do Orçamento Geral do Estado (OGE) pelos votos contra e abstenções do maior partido da coligação do Governo, o CNRT.

Entre vários temas, Taur Matan Ruak disse que uma dúvida que ficava era que, "se a atual coligação a e [partidos] não foi forte, será que a seis [a nova coligação] vai ser".

O crucial, disse, é garantir a estabilidade governativa e que, "entre mal maior e mal menor é essencial procurar um equilíbrio, racionalmente".

"Temos uma crise para a qual é preciso procurar solução", disse.

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