A decisão, tomada pelos credores na sexta-feira, pode obrigar o Governo australiano a ter de pagar o custo de desmantelar a plataforma flutuante, a Northern Endeavor, considerada uma "bomba-relógio ambiental".
O navio-plataforma está agora sem tripulação e parado no Mar de Timor.
Estava com uma tripulação mínima desde que reguladores do setor tinham ordenado em julho do ano passado o fecho do que era uma das maiores plataformas de petróleo 'offshore' da Austrália, no Mar de Timor.
Os reguladores ordenaram o fecho depois de comprovarem ferrugem, a falta de um sistema de combate a incêndios e "riscos de ocorrência de um grande acidente".
Essa decisão obrigou a empresa proprietária, a NOGA, a iniciar um processo de "administração voluntária", um mecanismo de salvamento da empresa que implica a nomeação de um administrador independente que analisa as opções disponíveis.
O processo acabou por não ter êxito, com os credores a votarem na sexta-feira a liquidação da NOGA, de duas empresas associadas que controlavam a plataforma -- atualmente sem tripulação -- e os campos petrolíferos Laminaria e Coralina.
Os dois campos, que estão praticamente no final da sua vida útil, produziram mais de 203 milhões de barris com receitas estimadas de 6,8 mil milhões de dólares (6,1 mil milhões de euros), com o Governo australiano a receber mais de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros), segundo a organização não-governamental (ONG) La'o Hamutuk.
Reagindo à decisão de liquidação da NOGA, o ministro de Recursos australiano, Keith Pitt, disse em comunicado que o Governo vai criar uma equipa para encontrar soluções a longo prazo "da forma mais segura e eficiente em termos de custos, limitando os custos para os contribuintes australianos".
"Lamentamos que não se tenha conseguido encontrar uma solução para impedir a liquidação da NOGA, mas o Governo fará tudo o necessário para proteger a segurança da plataforma Northern Endeavour para proteger o ambiente e manter os trabalhadores seguros", referiu.
Uma investigação conduzida pela Upstream Production Solutions, empresa contratada pela NOGA para operar a Endeavour, determinou que a decisão da Woodside de abandonar a plataforma tinha provocado uma "estratégia de minimização de manutenção".
As perdas foram-se acumulando ao longo dos anos, com registos de apenas um carregamento cada em 2016 e 2017.
A KPMG, a empresa administradora nomeada, tentou encontrar um comprador para a plataforma, que teria de gastar mais de 50 milhões de dólares australianos (31,1 milhões de euros) para reparar a embarcação no estaleiro em Darwin.
Se não fosse possível encontrar um comprador, os campos petrolíferos de Laminaria e Coralina -- que estão em águas de Timor-Leste -- teriam de ser desativados, o que obrigaria a tapar várias cabeças dos poços para impedir a fuga de 24 milhões de barris de petróleo para o Mar de Timor.
Estima-se que o custo da operação, que ronda os 125 milhões de euros, tenha agora de ser pago pelo Governo australiano, ou segundo os media daquele país, pela antiga proprietária dos poços, a Woodside Petroleum.
Angus Karoll, proprietário da NOGA, disse no ano passado à ABC que ainda esperava conseguir que a plataforma regressasse à produção, afirmando que descomissioná-la não era o plano da empresa.
Karoll apelou aos reguladores para que levantem a sua proibição de extrair petróleo com navios com corrosão, permitindo que a sua empresa saísse da administração voluntária, insistindo que as reparações necessárias podem ser feitas no mar.
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