Em comunicado, a AIPIM, apelou ainda "a uma clarificação relativamente à atividade de jornalistas e órgãos de comunicação social não locais por forma a tranquilizar os profissionais e assegurar o pleno respeito pela liberdade de imprensa -- como está previsto no artigo 27.º da Lei Básica", a 'miniconstituição' da Região Administrativa Especial de Macau.
A associação advogou também um pleno respeito "não apenas dos jornalistas e órgãos locais, mas também dos jornalistas não locais e dos órgãos de 'empresas jornalísticas, editoriais e noticiosas sediadas no exterior', tal como está previsto no artigo 9.º da Lei de Imprensa".
Se por um lado, a AIPIM considerou "preocupante o impacto do aumento das tensões entre Washington e Pequim no livre exercício do jornalismo e espera que a situação possa ser rapidamente revertida", por outro, lamentou tanto "a decisão anunciada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, face aos jornalistas norte-americanos, quer as medidas anteriormente tomadas pelas autoridades dos Estados Unidos relativamente a jornalistas e órgãos de comunicação social chineses".
Pelo menos 13 jornalistas norte-americanos vão ser expulsos da China, em retaliação contra um novo limite imposto por Washington no número de vistos emitidos para funcionários chineses em representações de órgãos estatais no país.
O Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China (FCCC, na sigla em inglês) disse que são pelo menos 13 os jornalistas que vão ser expulsos, distribuídos pelo The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post.
Trata-se de longe da maior expulsão de jornalistas estrangeiros da China nas últimas décadas.
Os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram, no início deste mês, que cinco órgãos de comunicação chineses controlados pelo Estado vão ter direito, no total, a 100 vistos de trabalho, traduzindo-se na expulsão de facto de cerca de 60 jornalistas.
Washington justificou a decisão com a crescente vigilância, assédio e intimidação a jornalistas norte-americanos e outros estrangeiros que trabalham na China pelas autoridades locais.
Entre os órgãos oficiais afetados pela decisão dos EUA estão a agência noticiosa oficial Xinhua, o jornal China Daily e a televisão estatal CGTN.
O anúncio do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês especificou que os cidadãos norte-americanos que trabalham naqueles três jornais, e cujas credenciais terminam este ano, devem entregar os seus cartões de imprensa no prazo de 10 dias.
Estes jornalistas ficarão igualmente impedidos de trabalhar em Macau e Hong Kong, regiões chinesas com estatuto semi-autónomo.
Nos últimos seis anos, a China expulsou nove jornalistas estrangeiros, segundo o FCCC.
A decisão de Pequim reflete a crescente hostilidade entre Washington e Pequim, que inclui já uma prolongada guerra comercial e tecnológica ou disputas em torno do acesso ao Mar do Sul da China.
JMC (JPI) // LFS
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