"A cura também deve ser viral". Foi com estas palavras que Marine Antunes iniciou a sua publicação após ter visto notícias sobre a sua celebração. A mulher de Tiago Castro, que foi diagnosticada com linfoma não hodgkin aos 13 anos, celebrou "21 anos de remissão".

"Quando estava doente (e falo disto nas palestras) detestava que me chegassem apenas notícias difíceis sobre esta doença. Parecia que eu tinha um íman que atraía a pergunta sádica 'olha sabes quem é que morreu de cancro?' ou 'sabes quem é que também está doente?' como se eu ficasse mais aliviada por saber que não era a única a tê-la. Não ficava e também não tinha uma lista onde ia acrescentando os nomes de quem integrava este mundo novo", escreveu na legenda da publicação.

"Questionava-me sempre: 'onde é que estão as histórias positivas? Onde estão as histórias bonitas onde posso ir beber alguma esperança?' E foi imbuída nessa vontade de ser feliz no meu caos que criei o blogue, depois os livros, as palestras, eventos, programas e tudo que me ajudasse a ver a vida com mais motivação. E não, não vomito positividade tóxica nem defendo que isto são só flores, mas caraças, sempre me achei no direito de lutar pela minha felicidade e promover o bem estar nos outros também", acrescentou.

E continuou: "Além disso, a Internet (a quem devo muito porque chego a muitas pessoas), trouxe também um lado doentio do ser humano: o Dr. Google com a proliferação de sites manhosos e a viralização de notícias trágicas que só assustam as pessoas que estão a passar por este processo, com os títulos mais injustos e dolorosos do mundo: 'Perdeu a luta contra o cancro' - é ainda um dos títulos mais partilhados e que mais me magoam, como se isto fosse um jogo onde ganham os melhores e perderem os piores. Como calculam não é nada fácil para quem lida com esta doença (somos milhares de sobreviventes) esbarrar constantemente neste tipo de notícias."

"Por isso, quando me apercebo que os media fazem notícia dos meus 21 anos de remissão da doença sim, fico feliz e quero falar sobre isso! Que bom também se falar de cura e de vida e não apenas em 'datas especiais' ou efemérides mas num dia comum. Obrigada. Não podemos falar desta doença só quando a associamos a perda e morte. Quando um de nós parte com esta doença, sofremos todos e quando um sobrevive, vencemos juntos", rematou.