
O cantor porto-riquenho Bad Bunny voltou a marcar o panorama musical e cultural esta sexta-feira, com o lançamento do videoclipe de ‘NUEVAYoL’ em pleno feriado do 4 de Julho, Dia da Independência dos Estados Unidos. O tema, retirado do álbum “Debí Tirar Más Fotos”, alia um ambiente retro às mensagens políticas a que o artista - que atuará no próximo ano em Lisboa - já habituou a sua comunidade de fãs.
Realizado por Renell Medrano, o vídeo começa numa típica quinceañera, embalado por um sample de ‘Un Verano en Nueva York’ (clássico de Andy Montañez e El Gran Combo de Puerto Rico), evocando os verões latinos em Nova Iorque. Mas depressa o tom festivo dá lugar a tons mais escuros, com Bad Bunny a surgir no topo da Estátua da Liberdade, agora coberta por uma bandeira de Porto Rico, num gesto de afirmação num dos símbolos mais importantes dos Estados Unidos.
Depois, e num dos momentos mais surpreendentes do vídeo, surge um grupo de homens a ouvir uma voz parecida com a de Donald Trump num velho boombox. Porém, em vez do habitual discurso anti-imigração, o imitador reconhece erros e enaltece o papel vital dos imigrantes.
“Cometi um erro. Quero pedir desculpa aos imigrantes na América... quero dizer, nos Estados Unidos. Sei que a América é o continente inteiro”, declara a voz, antes de prosseguir. “Quero dizer que este país não é nada sem os imigrantes. Este país não é nada sem mexicanos, dominicanos, porto-riquenhos, colombianos, venezuelanos, cubanos.”
O efeito “Big Beautiful Bill”
O vídeo encerra com imagens da diáspora porto-riquenha em Nova Iorque e a mensagem “juntos somos más fuertes”, numa altura marcada pelo endurecimento da política anti-imigração de Donald Trump. Esta semana foi aprovado o “Projeto de Lei Único, Grande e Bonito”, que prevê novos gastos com a agência de Imigração e Alfândega (ICE) e no reforço da segurança na fronteira com o México.
Em declarações ao Expresso, o estratega político Anat Shenker-Osorio considerou este projeto de lei “um pesadelo a ser lançado sobre os americanos de todas as etnias, códigos postais e origens”. “Transforma as forças nacionalistas do ICE (Departamento de Imigração e Alfândega) no carcereiro e sequestrador mais bem financiado do nosso país, enquanto constrói novos campos de concentração para abrigar qualquer um que este regime alegue ser um problema”.