Vai ser uma “casa completamente cheia”, este ano, no Vodafone Paredes de Coura. Quem o garante é João Carvalho, diretor do festival, que, em entrevista à SIC, revela que as vendas dos bilhetes estão 48% acima das do ano passado.

A larga maioria dos festivaleiros (85%) compra os passes gerais, mas, este ano, nota João Carvalho, tem também havido muita procura de bilhetes diários. O dia mais concorrido é aquele em que atua André 3000 - apesar de o artista norte-americano aparecer, neste festival, num registo diferente: um espetáculo de flauta, em vez de rap.

“Estamos a falar de uma lenda viva”, sublinha João Carvalho, lembrando que o artista “faz pouquíssimos festivais” e que foi um dos nomes no cartaz mais difíceis de conseguir.

“Convenci-o de que não havia, na Europa, público melhor do que o do Paredes de Coura, que é melómano e respeitador”, conta.

“O festival onde vêm as bandas que vão ser enormes”

Per Ole Hagen/Getty Images

Mas se perguntarmos ao diretor do festival quem é, para ele, o principal destaque desta edição, o nome que lhe salta da boca é o dos irlandeses Fontaines D.C.. João Carvalho confessa que esta é a banda de que mais gosta neste momento e o concerto que mais quer ver no festival - além de Cat Power, que (instale-se a polémica) o diretor do festival diz superar mesmo o próprio Bob Dylan, no último álbum em que interpreta temas do artista norte-americano.

Mas, regressando aos Fontaines D.C., João Carvalho aponta que têm à vista um novo álbum e que foram a grande sensação deste ano no festival Glastonbury (juntamente com os Idles, que também fazem parte do cartaz desta edição do Vodafone Paredes de Coura). Acredita que são mais um nome para contribuir para a fama que o Paredes de Coura tem de ser um “laboratório musical” de grandes artistas.

É um festival onde vêm as bandas que, “muito brevemente”, se tornarão enormes, diz João Carvalho. Aponta como exemplo, o caso dos Parcels, que marcaram presença no Paredes de Coura antes de se tornarem um fenómeno. Este ano, põe as fichas não só nos Fontaines D.C. - que prevê que passarão, nos próximos tempos, a “banda de estádio” -, como também nos norte-americanos Model/Actriz.

“Esta edição consegue ter o passado da música, o presente e o futuro”, atira.

Cancelamentos? “Vão protestar com o artista!”

Falamos de nomes confirmadíssimos, que – dê-se três pancadas na madeira - não hão de faltar na edição deste ano do festival. Mas outros há que estiveram presentes no cartaz e que agora já não estão. É o caso de Hermanos Gutiérrez e Vegyn, os dois cancelamentos deste ano.

“Por trás de cada cancelamento há sempre uma razão, umas mais compreensíveis, outras menos”, constata João Carvalho.

"O Vegyn cancelou por saúde mental. É absolutamente compreensível”, afirma o diretor do festival.

Caso diferente foi o do duo instrumental latino Hermanos Gutiérrez, um cancelamento com o qual se assume “muito triste”.

“Foi uma confusão entre o agente europeu e o agente americano” da banda, explica, que criou problemas de agenda e impediu os irmãos equatorianos-suíços de atuar em Paredes de Coura.

Esta é uma ausência pela qual, diz João Carvalho, recebe muitos protestos, mas, neste caso, responde a quem ficou aborrecido pelo cancelamento que deve reclamar “é com o artista”.

Segurança e mais conforto

Onde não vai haver razões de protesto, garante o diretor do Vodafone Paredes de Coura, é a nível de logística. Os acessos, assegura, estão melhor do que nunca, com a abertura da nova ligação à autoestrada. “Evitam-se 200 curvas ou mais”, diz João Carvalho.

Este ano, também há novas zonas de descanso e aumentaram as zonas de alimentação, para garantir o conforto dos festivaleiros, apesar da forte lotação.

Outra coisa que cresceu foi o campismo. As tendas de glamping - já esgotadas - aumentaram para o triplo. João Carvalho diz que foi uma alternativa pensada para quem já não conseguiu casa em Paredes de Coura.

“As habitações na vila estão muito inflacionadas. Pedia às pessoas de Paredes de Coura para se conterem um bocadinho. Há valores de Nova Iorque”, comenta.

E, por isso, quem fica no campismo, vai contar com mais comodidades: mais sombra, mais chuveiros e todas as casas de banho ligadas ao saneamento, assim como maior número de profissionais de saúde, bombeiros e segurança para assistir quem fica a dormir no festival. “É um local muito seguro”, garante o diretor do Paredes de Coura.

JOSE COELHO

Surpresas na vila de Coura

Os quatro dias oficiais de Vodafone Paredes de Coura são antecedidos pelo festival “Sobe à Vila” - quando a própria localidade de Paredes de Coura é invadida pela música.

João Carvalho explica que esta é uma forma de “agradecer” às pessoas de Paredes de Coura, por receberem tão bem o festival e os festivaleiros, além de uma maneira de dinamizar a economia local.

Além disso, é ainda de esperar, ao longo da semana, “concertos imprevistos e surpresas”, que vão levar os festivaleiros a conhecer “sítios bonitos” de Paredes de Coura.

“É um equilíbrio perfeito, uma edição de que me orgulho muito”, confessa João Carvalho.