
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, defendeu nesta Segunda-feira, em Sevilha, Espanha, a criação de uma nova arquitectura financeira internacional mais inclusiva, sustentável e equitativa, colocando o financiamento climático, a industrialização inclusiva e a capacitação estratégica no centro das prioridades mundiais.
O chefe de Estado moçambicano falava durante a primeira Reunião Plenária da IV Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Financiamento ao Desenvolvimento (FFD4), que decorre até 03 de Julho, e saudou a aprovação do “Compromisso de Sevilha”, nova estratégia global de financiamento ao desenvolvimento.
“É com grande honra e um profundo senso de responsabilidade que Moçambique marca presença nesta conferência global, aqui em Sevilha, dedicada ao financiamento ao desenvolvimento. Saudamos a aprovação do Compromisso de Sevilha”, afirmou Daniel Chapo na sua intervenção, sublinhando o papel da cooperação multilateral no cumprimento da Agenda 2030 das Nações Unidas.
O Presidente destacou que, apesar de Moçambique ter registado crescimento económico assinalável nas últimas duas décadas, choques internos e externos têm contribuído para a desaceleração da economia.
“O terrorismo no norte do país, especialmente em alguns distritos da província de Cabo Delgado, e eventos climáticos extremos, como cheias, inundações e ciclones, têm provocado instabilidades sociais”, disse, observando que esses factores afectam particularmente o emprego jovem, a segurança alimentar e a capacidade do Estado de financiar sectores cruciais.
Nesse contexto, o estadista moçambicano apresentou a Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025–2044, ancorada em cinco pilares interligados: boa governação, infraestruturas estratégicas, industrialização, capital humano e sustentabilidade ambiental.
“Temos reforçado o nosso compromisso com reformas estruturantes e com uma visão clara de transformação económica”, afirmou.
Daniel Chapo defendeu igualmente uma maior inclusão no acesso ao financiamento e a adopção de instrumentos inovadores como o financiamento misto.
Sublinhou ainda a urgência de fortalecer Bancos Nacionais de Desenvolvimento como plataformas catalisadoras do investimento, particularmente na industrialização, Pequenas e Médias Empresas e agricultura.
O Chefe de Estado referiu que, no plano interno, Moçambique está a priorizar a expansão da base tributária, a modernização fiscal, incluindo a tributação digital, e a implementação de uma Estratégia Nacional de Financiamento Climático, com a meta de tornar o país num exemplo regional em finanças verdes até 2035.
Durante o seu discurso, Daniel Chapo apresentou cinco propostas estratégicas que Moçambique leva à conferência: uma nova Parceria Global para Financiamento Climático Baseado em Resultados; a criação de bancos de desenvolvimento voltados à industrialização rural; uma plataforma continental de inclusão financeira digital; mecanismos multilaterais para gestão sustentável da dívida; e um compacto global para formação de capital humano.
“Estamos confiantes de que, com a colaboração da comunidade internacional e de boas práticas, podemos construir um futuro mais justo, resiliente e sustentável para todos”, declarou o Presidente moçambicano, assegurando que “Moçambique reafirma o seu compromisso de não deixar ninguém para trás. E apela à construção de uma nova arquitectura financeira internacional que veja os desafios africanos não como limitações, mas como oportunidades de transformação partilhada a nível global”.
A IV Conferência Internacional sobre o Financiamento ao Desenvolvimento, que decorre sob a égide das Nações Unidas, visa renovar os compromissos globais em torno da mobilização de recursos para o desenvolvimento sustentável, com foco especial em países de rendimento baixo e médio, como Moçambique.