É já na próxima quinta-feira, dia 26, que a Fundação Calouste Gulbenkian recebe mais uma edição da Vistage Summit, evento que reúne mais de 130 líderes e fundadores de empresas nacionais. A Vistage, que nasceu nos Estados Unidos em 1957, é uma multinacional de executive coachingepeer advisorypara CEO, empresários e líderes empresariais. Está presente em Portugal desde 2020 e organiza este evento – composto por palestras de oradores de referência, painéis de discussão, sessões práticas e de networking – pela terceira vez no nosso país. Um dos oradores de referência deste ano é o líder Ricardo Costa, do Grupo Berrado da Costa e Kuantokusta. Para além desta conferência, ao longo de todo o ano, esta organização desenvolve programas nos quais um mentor organiza reuniões de líderes de diferentes setores, além de sessões individuais de mentoria.

Portugal tornou-se o primeiro país do mundo a digitalizar integralmente o modelo da Vistage, até então 100% presencial. Essa inovação foi posteriormente replicada por outros países da rede e trouxe notoriedade internacional a Portugal dentro da organização.

Miguel Pardo Calvo, presidente da filial nacional, depois de ter sido membro ativo da Vistage no Brasil durante 11 anos, Miguel mudou-se para Espanha, onde lançou a operação da Vistage, seguindo-se o convite para fundar também a filial em Portugal. Em entrevista à Forbes Portugal, este líder dá-nos a conhecer um pouco mais sobre a atividade da Vistage e sobre esta sua conferência.

AVistage é uma organização a nível mundial de aconselhamento executivo, fundada há mais de 65 anos. De que forma chegou a Portugal?

A Vistage, a maior e mais antiga organização mundial de desenvolvimento de líderes, chegou a Portugal em 2020. O projeto começou oficialmente uma semana antes do primeiro confinamento provocado pela pandemia de COVID-19, num cenário desafiante para qualquer nova operação. De sete chairs iniciais, apenas dois permaneceram. No entanto, esse contexto adverso foi o ponto de viragem: Portugal tornou-se o primeiro país do mundo a digitalizar integralmente o modelo da Vistage, até então 100% presencial. Essa inovação foi posteriormente replicada por outros países da rede e trouxe notoriedade internacional a Portugal dentro da organização global. Assim, o país não só recebeu a Vistage pela primeira vez, como também se destacou por liderar a sua transformação digital. Hoje, continua a inovar com a integração estratégica da inteligência artificial em todos os processos.

Qual tem sido o papel desta entidade no apoio a CEO e líderes no mercado nacional? Que balanço faz da vossa atividade?

O papel da Vistage em Portugal tem sido fortalecer o tecido empresarial através do desenvolvimento profundo e contínuo das lideranças nacionais. O modelo, originalmente norte-americano, foi adaptado à realidade portuguesa tendo como base três pilares: Grupos confidenciais de CEOs e empresários, moderados por chairs experientes; Mentoria individual mensal, focada em estratégia, equilíbrio e performance; E acesso a especialistas globais e conteúdos de excelência, de que são exemplo Stanford, Harvard, IESE, Oxford, Cambridge, entre outros.

O objetivo da Vistage não é apenas formar líderes mais eficazes, mas também criar impacto positivo na sociedade através de melhores decisões, mais emprego, maior sustentabilidade e crescimento económico real. O balanço é altamente positivo: empresários a escalarem os seus negócios, a internacionalizarem operações e a tornarem-se mais conscientes do seu papel estratégico no país.

“A pandemia tornou o processo de implantação mais difícil, mas, ao mesmo tempo, mais relevante e necessário. Foi precisamente nesse momento crítico que o papel da Vistage se revelou fundamental, ao oferecer apoio estruturado (…)”, diz este responsável.

Uma vez que entraram em Portugal no ano da pandemia, este foi um processo mais desafiante por esse motivo, ou tornou-se mais necessário ainda por este facto?

A pandemia tornou o processo de implantação mais difícil, mas, ao mesmo tempo, mais relevante e necessário. Foi precisamente nesse momento crítico que o papel da Vistage se revelou fundamental, ao oferecer apoio estruturado, emocional e estratégico aos líderes, que se viam a tomar decisões complexas em solidão. A rápida transição para o modelo digital, liderada por Portugal, foi um marco internacional. O país passou a ser referência global em inovação dentro da Vistage Worldwide, ensinando outras operações a manter e a expandir o apoio a líderes mesmo em ambiente totalmente online.

Porque se torna importante este apoio às lideranças? Quais os principais aspectos em que apoiam os vossos líderes?

O apoio à liderança é a base do desenvolvimento económico e social de qualquer nação. Um país forte depende de empresas fortes, e estas só existem quando são lideradas por pessoas conscientes, preparadas e com visão de futuro. A Vistage ajuda os seus membros a tomarem melhores decisões com menos ego e mais perspetiva, a pensarem de forma mais estratégica, sustentável e global e a equilibrarem a vida pessoal, o propósito e o desempenho empresarial.

Portugal tem uma capacidade humana notável, mas precisa de reativar o seu mindset de liderança — o mesmo que permitiu ao país liderar o mundo na era das grandes navegações.

Portugal tem uma capacidade humana notável, mas precisa de reativar o seu mindset de liderança — o mesmo que permitiu ao país liderar o mundo na era das grandes navegações. A missão da Vistage em Portugal é exatamente essa: despertar novamente esse espírito de liderança, inovação e expansão, colocando os líderes nacionais entre os melhores da Europa e do mundo.

Qual é a importância de organizar o Vistage Summit em Portugal?

O Vistage Summit é o momento mais emblemático da comunidade de líderes da Vistage em Portugal, reunindo empresários, CEO, chairs, especialistas e convidados internacionais para discutir os desafios do presente e o futuro da liderança no país. Mais do que um evento, o Summit representa uma visão: ninguém cresce sozinho. Qualquer organização — de empresas a tribos — só cresce quando há cooperação, aprendizagem mútua e partilha estratégica. O nosso summit dá corpo a essa ideia, reforçando a cultura de apoio entre líderes como alavanca para o crescimento nacional.

O evento visa reunir os 50 membros e chairs ativos no país, atrair 150 novos empresários (…) Até 2030, a meta é atingir a meta dos mil membros em Portugal, tornando-se a maior comunidade de líderes empresariais do país e uma das maiores da Europa.

O que esperam com esta terceira edição? Quais os objectivos principais?

A terceira edição do Vistage Summit tem como objetivo consciencializar os líderes portugueses sobre a necessidade de sair do isolamento e abraçar a interligação global. Chegou o momento de Portugal deixar de pensar em empresas familiares fechadas em si mesmas e adotar uma visão mais colaborativa, internacional e sustentável.
O evento visa reunir os 50 membros e chairs ativos no país, atrair 150 novos empresários e reforçar a mensagem de que o verdadeiro crescimento vem do coletivo. Até 2030, a meta é atingir a meta dos mil membros em Portugal, tornando-se a maior comunidade de líderes empresariais do país e uma das maiores da Europa.

Pode revelar alguns dos nomes que estarão presentes, além de Ricardo Costa, neste evento?

A confidencialidade é um dos princípios fundamentais da Vistage. Todos os membros assinam acordos formais que garantem um espaço seguro para partilha e crescimento. No entanto, alguns oradores e parceiros são públicos. Nesta edição, além de Ricardo Costa, CEO do Grupo Bernardo da Costa, haverá a participação de chairs e especialistas de renome, bem como referências globais como Jim Collins, Patrick Lencioni e Simon Sinek, cujos conteúdos e metodologias fazem parte do universo Vistage. O que une todos os participantes não é apenas a excelência empresarial, mas sim um mindset aberto, curioso, com sede de crescimento e vontade real de transformar Portugal num país mais forteecompetitivo.