A exploração turística de África enfrenta desafios significativos. A falta de conexões aéreas eficientes e as dificuldades de acessibilidade interna são obstáculos reais. No entanto, a beleza selvagem do continente, a autenticidade das suas gentes e a riqueza cultural compensam amplamente esses desafios.

A expansão na região é uma missão estratégica para a Pinto Lopes Viagens. Com cerca de 25 destinos africanos já operacionais, o objetivo é ampliar esse número, proporcionando experiências cada vez mais abrangentes e diversificadas.

Por isso, a definição de novos itinerários exige um trabalho meticuloso de prospeção. Tudo começa com a identificação de um destino promissor, seja através de feiras de turismo, artigos especializados ou pura curiosidade exploratória. A seguir, entra em cena a pesquisa exaustiva: análise de guias, recursos online e contacto com eventuais operadores locais.

Mas a verdadeira prova de fogo ocorre no terreno. A verificação in loco permite avaliar as condições reais dos itinerários, a qualidade dos serviços e a segurança da operação. Muitas vezes, há frustrações e reajustes, mas também há momentos de descoberta de autênticas pérolas. Trata-se de um investimento significativo em tempo e recursos, mas absolutamente necessário para garantir uma experiência de viagem de qualidade e, acima de tudo, segurança.

O turismo em África ainda está longe de atingir todo o seu potencial, mas é precisamente essa autenticidade não adulterada, essa natureza preservada e essa riqueza cultural tão distinta que tornam o continente um destino irresistível. A prospeção de novos destinos é, por isso, uma missão essencial para oferecer aos viajantes experiências inigualáveis e, simultaneamente, contribuir para o desenvolvimento sustentável das regiões visitadas.

A expansão do turismo em África: um diário de prospeção sobre a Guiné, Serra Leoa e Libéria

A exploração turística do continente africano ainda é uma fronteira aberta para o setor das viagens organizadas. Com honrosas exceções, como Marrocos e África do Sul, grande parte dos países africanos permanece fora dos roteiros habituais, em parte devido às dificuldades de acessibilidade e aos desafios infraestruturais. No entanto, esta mesma realidade torna a descoberta de novos destinos um trabalho apaixonante e recompensador.

Neste contexto, a prospeção de novos circuitos turísticos na Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria reflete não apenas a procura por novos horizontes, mas também a vontade de oferecer experiências autênticas a viajantes que desejam explorar a verdadeira essência do continente africano.

Guiné Conacri: A essência na simplicidade

Guiné Conacri, um país frequentemente esquecido nas rotas turísticas, apresenta-se como um destino seguro, apesar das suas carências em termos de infraestrutura. A capital, Conacri, oferece um vislumbre da vida quotidiana africana: mercados vibrantes, trânsito caótico e uma atmosfera efervescente nas ruas. A oferta de alojamento é limitada a algumas opções equivalentes a hotéis de 4* europeus, mas o verdadeiro atrativo do país reside no seu povo. A simpatia e hospitalidade guineenses tornam qualquer experiência memorável, mesmo num país onde a carência de atrativos turísticos estruturados é evidente.

As estradas, surpreendentemente razoáveis para a região, são testemunhas do intenso tráfego de camiões que sustentam a economia local. A passagem da fronteira com a Serra Leoa é inusitadamente calma, contrastando com a experiência habitual de subornos e burocracia em muitas latitudes africanas.

Serra Leoa: A nova fronteira do turismo

Recentemente apontada pela BBC Travel como um destino emergente para 2025, a Serra Leoa apresenta um ritmo mais calmo e uma organização superior à vizinha Guiné. A vegetação frondosa e as estradas bem conservadas facilitam a exploração do país. Freetown, a capital, é um espelho interessante da história local, com pontos de interesse como a Catedral Anglicana de St. Joseph, o Museu Nacional e o Museu Ferroviário.

A geografia de Freetown recorda Lisboa: se Lisboa tem o estuário do Tejo, Freetown tem o gigantesco estuário do rio Serra Leoa. A história faz-se presente em locais como a ilha de Bunce, um marco do tráfico negreiro. Noutro registo, o santuário de chimpanzés de Tacugama destaca-se como um exemplo de conservação da fauna local.

No interior do país ficam as minas de ouro e diamantes a céu aberto que exercem fascínio sobre alguns visitantes, devido à extração destes minerais, mas a realidade no terreno pode ficar aquém das expectativas.

Libéria: O desafio da reconstrução

Libéria, cujo nome remete às suas origens como terra dos escravos libertos, diferencia-se pelo facto de nunca ter sido colonizada, nem ter sido um protetorado. O país carrega as marcas de uma das guerras civis mais violentas de África e, atualmente, procura reerguer-se económica e socialmente. Um dos pilares dessa reconstrução é a indústria da borracha, com destaque para a imponente floresta Firestone, administrada pela empresa homónima.

Embora ainda não seja um destino consolidado no turismo internacional, a Libéria representa uma aposta de longo prazo, sustentada pelo potencial natural e pela resiliência do seu povo.

Rui Pinto Lopes,
CEO da Pinto Lopes Viagens