Os cinco maiores bancos italianos lucraram, em conjunto, 6,8 mil milhões de euros neste primeiro trimestre, um incremento anual de 12%. A Morningstar DBRS analisou os resultados do Intesa Sanpaolo, UniCredit, Banco BPM, BPER e Monte dei Paschi di Siena e destacou a resiliência dos seus resultados num mercado marcado por incerteza e tentativas de consolidação. Mais, a agência de notação sublinha como os números positivos podem ser a salvaguarda destas instituições face às circunstâncias.

A DBRS relembra que os bancos estão a enfrentar a queda das taxas de juro, que estão a encolher as suas margens financeiras. Em relação ao primeiro trimestre de 2024, esta caiu 6% nestes cinco bancos. A agravar esta situação está a guerra comercial em curso, que a agência admite poder acelerar a descida das taxas e abrandar o crescimento económico europeu.

Apesar desta contração da margem financeira, as instituições bancárias conseguiram reforçar as suas receitas noutras áreas para compensar, tendo estas subido 2% anualmente, no total. As comissões cresceram 8% em termos homólogos, o que, de acordo com a análise em questão, demonstra a diversidade cada vez maior dos bancos nos seus rendimentos face a tempos marcados pela redução das taxas de juro e incerteza nos mercados. Neste sentido, as entidades bancárias foram também capazes de manter uma disciplina de custos neste período, tendo estes baixado 1% em relação ao ano anterior, com o rácio de eficiência a cair de 43,5% para 42%.

Do lado da capitalização dos bancos, estes apresentaram um rácio CET1 médio de 15,9% a 31 de março, mais 0,1 pontos percentuais do que no final de 2024. Este indicador cresceu ligeiramente apesar da maior remuneração dos acionistas e do impacto negativo de Basileia IV, reforça a DBRS. A isto acresce que o rácio CET1 médio está 650 pontos base acima do mínimo regulatório. Contudo, espera-se uma diminuição das almofadas de capital no caso das fusões bancárias serem bem-sucedidas.

Banca e empresas italianas mais expostas a tarifas, mas mais resilientes

A volatilidade dos mercados, por sua vez, apresenta-se como um perigo para o custo de risco dos bancos, relembra a DBRS. O possível abrandamento económico pode levar a maior desemprego, deteriorando a qualidade do crédito concedido. A agência destaca o atual custo de crédito reduzido – em 27 pontos base – mas estima que este deve situar-se entre 30 a 40 pontos base até ao fim do ano, o que, realça, compara de forma positiva com anos recentes.

As incertezas causadas pelas tarifas Trump podem ter um efeito maior na banca italiana pela sua exposição a determinados setores, como o metalúrgico e alimentar. Apesar disto, a DBRS considera que as empresas italianas estão mais resilientes e capazes de absorver impactos negativos.

A par disto, as exportações para os EUA não devem sofrer grandes diferenças por serem produtos de “alta qualidade, que são tipicamente menos sensíveis a mudanças de preços e tarifas”. Uma substituição parcial de mercados para onde exportar vem também ajudar a mitigar os efeitos negativos.