O presidente executivo do Deutsche Bank, Christian Sewing, aprovou um acordo de 1,5 mil milhões de euros que lhe foi posteriormente pedido para analisar no âmbito de uma investigação que levou à condenação de seis antigos colegas, de acordo com documentos vistos pelo Financial Times. Aquele jornal divulgou a história nesta terça-feira e refere que a transação em causa foi realizada em 2010 com o banco italiano UniCredit, quando Sewing era diretor de crédito do Deutsche, e foi semelhante a um polémico acordo de 2,2 mil milhões de euros de 2008 com o banco italiano Monte dei Paschi di Siena.

Estamos a falar de operações de recompra (‘repo’) melhorada, que utilizam títulos e transações com produtos derivados para ocultar o verdadeiro valor dos empréstimos que Deutsche Bank estava a fazer a outros bancos. Mais tarde o Deutsche reformulou as suas contas após alterar o tratamento contabilístico das operações, de transações de financiamento para operações com derivados.

Na sequência desta mudança, e de várias intervenções dos reguladores do setor financeiro, o banco, em 2013, encomendou uma investigação sobre a contabilidade, supervisionada por Sewing, que se tornara então chefe da unidade de auditoria interna do banco. As conclusões da auditoria tornaram-se parte central de um julgamento criminal em Itália que resultou na condenação de seis ex-banqueiros do Deutsche a penas de prisão até quatro anos e oito meses por cumplicidade em contabilidade falsa e manipulação de mercado.

Os gestores foram posteriormente absolvidos por um tribunal de recurso e acusam agora o Deutsche de má conduta no caso. Um deles está a processar o credor por 152 milhões de euros em Frankfurt, enquanto outros preparam ações semelhantes em Londres.