
Portugal está, desde ontem, representado na reunião do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt por um governador cujo mandato terminou no passado dia 19. Com o nome do eventual sucessor a ser conhecido hoje, no final do Conselho de Ministros, Mário Centeno despediu-se dos seus colegas na reunião que irá ditar a descida, ou não, das taxas de juro. Tal como o JornalPT50 noticiou, Centeno mantém todos os seus poderes de governador até à tomada de posse do seu substituto.
Foi num jantar informal que reuniu os 25 membros do Conselho de Governadores com a presidente do Banco Europeu de Investimento, Nadia Calviño, e no qual foi discutido o estado atual da economia europeia, que Mário Centeno aproveitou para se despedir dos seus colegas.
Os especialistas indicam que o BCE deverá iniciar um novo ciclo de política monetária, mantendo as taxas de juro nos 2% durante “muito tempo”. Recorde-se que, no início do mês, Robert Holzmann, governador do Banco da Áustria e membro do Conselho de Governadores do BCE, considerou que “não existem razões para novas descidas das taxas de juro”. Uma posição partilhada por Isabel Schnabel, membro da Comissão Executiva do BCE, que afirmou publicamente que os juros “estão num nível correto” e que “a fasquia está muito elevada” para que haja nova descida.
Segundo esta economista, “só se justifica mexer nos juros se existir um desvio significativo da inflação face ao objetivo fixado para a estabilidade dos preços (2%)”, adiantando ainda que “o processo de desinflação na zona euro está a decorrer conforme o previsto, embora a inflação nos setores dos serviços e dos bens alimentares continue elevada”.
Já em sentido contrário pronunciou-se o governador do Banco de Itália. Fabio Panetta defende que “o BCE deve descer as taxas de juro se as previsões de crescimento económico ficarem aquém do esperado e pressionarem a inflação em sentido descendente”.
Em declarações ao JornalPT50, Mário Centeno defendeu que “as políticas económicas devem permanecer contra-cíclicas, de modo a preservar capacidade de ação em contextos adversos”, acrescentando que, quando “a economia da área do euro não mostra sinais consistentes de crescimento, a política monetária deve manter-se atenta aos riscos descendentes para a inflação”.