
Um estudo do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) revela que os grandes bancos dos EUA e da área do euro aumentaram a sua tolerância ao risco regulatório (TRR) após a crise financeira de 2007/08, ajustando as suas estratégias de gestão de capital.
Segundo o documento agora disponibilizado, os investigadores Mikael Juselius, Aurea Ponte Marques e Nikola Tarashev analisaram 68 trimestres de dados, cobrindo 17 bancos norte-americanos e 17 bancos da área do euro, antes e depois da dita crise.
O estudo concluiu que, após a crise, os bancos reduziram sistematicamente as metas de almofadas de capital de gestão, aumentando a TRR. Os autores explicam que esta métrica “é útil para interpretar o comportamento de gestão de capital dos bancos” e que o aumento da TRR “reflete sobretudo reduções nas metas das almofadas de gestão”.
O documento também destaca que os bancos com choques mais voláteis nas suas almofadas de gestão definiram metas mais elevadas e velocidades de reversão mais rápidas após a crise, sugerindo que a TRR “é uma escolha consciente”.
Além disso, refere o BIS, os bancos sujeitos a aumentos significativos dos requisitos de capital pós-crise aumentaram ainda mais a sua TRR.
Uma das descobertas mais relevantes refere-se ao impacto na economia real: “Apenas os bancos com TRR elevada tendem a responder ao esgotamento das almofadas de gestão reduzindo a concessão de crédito, destacando implicações reais das escolhas de gestão de capital”. Por outro lado, bancos com TRR baixa ajustam o risco dos seus ativos por outras vias, sem cortar crédito.
O estudo introduz ainda uma nova métrica para avaliar a gestão de capital dos bancos, o ‘regulatory risk tolerance (RRT), que combina a meta da almofada de capital, a velocidade de reversão a essa meta e a volatilidade dos choques na almofada. Esta métrica permite comparar estratégias entre diferentes bancos e grupos, tendo em conta nacionalidade, dimensão, modelo de negócio e desempenho.