A afirmação consta da ata da reunião em que o Banco Central brasileiro decidiu, na semana passada, manter a taxa básica de juros do país em 13,75% ao ano, contrapondo às críticas do Governo do Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a ata da reunião, divulgada hoje, os mercados "exigem ser monitorizados" e as "economias centrais" devem "separar" os "objetivos e instrumentos" na "condução da política monetária".

"Os dados recentes de atividade global e inflação permanecem resilientes e a política monetária nas economias centrais continua avançando em um caminho de contração", além de "uma perspetiva de crescimento global abaixo do potencial", apontou o documento.

No entanto, a ata destacou que "a flexibilidade da política de combate à covid-19 na China, um inverno mais ameno na Europa e a possibilidade de um abrandamento gradual do crescimento nos Estados Unidos suavizam o abrandamento da economia global".

A nível local, o órgão emissor defendeu que "o conjunto de indicadores" analisados ??continuam a corroborar um "cenário de abrandamento do crescimento já esperado".

Segundo o Banco Central, o mercado de trabalho do Brasil "surpreendeu positivamente" em 2022, com uma taxa média de 9,3% ao longo do ano, e dá sinais de "moderação", com "relativa estabilidade na taxa de desemprego."

Para a autoridade monetária, a inflação ao consumidor no Brasil "continua elevada" e os "componentes mais sensíveis" que apresentam "maior inércia inflacionária" diante do ciclo económico e da política monetária "mantêm-se acima da faixa compatível."

A inflação no Brasil fechou 2022 em 5,79% e segundo analistas de mercado consultados semanalmente pelo Banco Central, a expectativa é que para este ano fique em 6%, também acima da meta de 3,25%.

Assim, o Banco Central brasileiro justificou que a sua decisão de manter a atual taxa de juros será "compatível com a estratégia de convergência da inflação para próximo da meta" e "sem prejudicar seu objetivo fundamental, que é a estabilidade de preços e a promoção do emprego".

A divulgação da ata ocorre em meio às duras críticas de Lula da Silva ao Banco Central por manter a taxa de juros referencial em 13,75% ao ano o que pode atrapalhar o crescimento do país, que deve ser inferior a 1% neste ano.

O governante brasileiro tem acentuado as críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem mandato no órgão autónomo até 2024.

Setores da esquerda acusam Campos Neto de servir os interesses do ex-presidente Jair Bolsonaro que o indicou ao cargo e a quem apoiou, segundo os 'media' locais, em todas as etapas da eleição fazendo prognósticos.

Campos Neto foi fotografado a ir votar nas anteriores presidenciais vestido com as cores verde e amarelo, referência adotada pelos eleitores de Bolsonaro.

O presidente do Banco Central também foi apanhado a integrar um grupo numa plataforma de conversa eletrónica por ex-ministros do antigo Governo, depois da posse de Lula da Silva, o que aumentou as suspeitas de quem coloca em causa a sua isenção.

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