O Banco de Portugal (BdP), em 2024, apresentou um balanço de 191 mil milhões, mais 6,3 mil milhões do que no ano anterior. Esta subida deu-se, acima de tudo, pela valorização do ouro, que subiu 34% em 2024, de acordo com o banco central.

A este crescimento do valor do ouro junta-se o “acréscimo dos ajustamentos às notas em circulação, compensados pela diminuição do financiamento às instituições de crédito com o vencimento das últimas operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas e a redução dos títulos detidos para fins de política monetária”, explica o BdP.

Segundo o Banco de Portugal, o resultado antes de provisões e impostos de 2024 foi de 1,14 mil milhões negativos, semelhante ao valor verificado em 2023, que foi 1,05 mil milhões negativos. “Este resultado voltou a refletir a materialização do risco de estrutura de balanço, com uma remuneração dos ativos inferior ao custo dos passivos”, esclarece o regulador. O banco central assegura que a normalização da política monetária deve fazer os resultados “regressar gradualmente a valores positivos”. Contudo, o banco revela que voltou a utilizar a provisão para riscos gerais para cobertura deste resultado, pelo que o resultado antes de impostos fica nulo. Feitas as provisões, o BdP termina 2024 com um lucro de 1,5 milhões de lucro.

O BdP reforça que “as provisões acumuladas ao longo dos anos permitiram absorver este resultado”. O governador Mário Centeno sublinha que são suficientes para absorver as perdas até que se atinja a normalização. O líder da entidade garante que a sua independência financeira não foi “beliscada”, quando questionado sobre um possível excesso de provisões feitas no passado e que agora se mostram necessárias.

Do lado dos custos, o banco central teve despesas de funcionamento na ordem dos 213 milhões de euros, um aumento de 7,8%. “Esta variação reflete sobretudo o aumento generalizado dos preços verificado nos últimos anos, mas é também influenciada pela redução da taxa de atualização do Fundo de Pensões, com impacto no aumento da rubrica de gastos com pessoal”, explica o supervisor bancário.

Sobre a economia portuguesa em geral, “todos os setores diminuíram a sua dívida” nos últimos anos, destaca Mário Centeno. Este é um indicador que, argumenta, prepara a economia para o futuro, fruto das maiores poupanças.

Sobre o futuro de Mário Centeno à frente do BdP, o próprio indica que não lhe compete decidir sobre essa questão.

Questionado sobre o Novo Banco, Centeno aponta para o mercado como o responsável pelo destino desta operação. O governador deixa a nota de que devem ser sempre seguidas as regras desse mesmo mercado.