
Há 30 anos, Lisboa ganhou duas novas veias subterrâneas — a linha azul e a linha amarela — e desde então, a cidade nunca mais parou.
Inauguradas em 1995, estas linhas do Metro tornaram-se parte da rotina diária de milhares de lisboetas: gente que lê, corre, suspira ou simplesmente espera enquanto a cidade se move debaixo dos pés.
Entre modernizações, greves, novas estações e a luta contra escadas rolantes avariadas, esta é uma viagem que ainda está longe de chegar à última paragem.

Quando tudo começou
A 15 de julho de 1995, Lisboa acordava com uma nova promessa de mobilidade. A expansão da rede do Metropolitano deu origem a dois novos percursos mais eficientes e lineares: a Linha Azul e a Linha Amarela.
A Linha Azul assumiu o papel de espinha dorsal oeste, ligando a Amadora Este ao centro da cidade e depois ao eixo ribeirinho. A Linha Amarela, por sua vez, nasceu com um percurso que ligava o Campo Grande à Rotunda, hoje Marquês de Pombal, passando por Entrecampos e Saldanha — zonas então em franco crescimento.
Ambas as linhas ajudaram a reconfigurar o mapa urbano de Lisboa e marcaram o início de uma nova era no transporte público da capital.
Linha Azul (Linha da Gaivota)
A Linha Azul foi a primeira linha do Metro de Lisboa, inaugurada a 29 de dezembro de 1959.
Inicialmente, era um troço comum com a atual Linha Amarela, formando um "Y" que partia de Sete Rios (atualmente Jardim Zoológico) até Rotunda (atualmente Marquês de Pombal), com ramais para Entrecampos e Avenida.
Ao longo dos anos, a linha foi sendo expandida e reorganizada.
Em 1995, houve uma grande reestruturação da rede, e foi criada oficialmente a Linha Azul, separando-se da Linha Amarela.
O traçado da Linha Azul passou a ir de Colégio Militar/Luz até à Baixa-Chiado (e posteriormente até Santa Apolónia em 2007).
Linha Amarela (Linha do Girassol)
A Linha Amarela foi criada em 1995, durante a separação das linhas no "Y" original da rede.
Passou a operar desde Rotunda (Marquês de Pombal) até Campo Grande, usando o antigo ramal norte da linha original.
A linha foi sendo expandida para norte, com a chegada a Odivelas em 2004.
Em breve, com a expansão da rede em curso, será criada uma ligação circular unindo parte da Linha Amarela com a Verde.
Muito mais do que um meio de transporte
Durante estas três décadas, as linhas azul e amarela não foram apenas rotas no subsolo. Tornaram-se palco de histórias e reflexos da cidade. Desde músicos improvisados a momentos de silêncio coletivo, passando por discursos políticos colados nas paredes e olhares cruzados entre desconhecidos — o metro é também um espelho da vida urbana lisboeta.
Para quem usa diariamente a rede, há quase uma coreografia invisível: a corrida na troca de linha no Marquês, o lugar preferido junto à porta, a expectativa de ouvir "Próxima estação: Baixa-Chiado" como sinal de chegada à vida cosmopolita.
Nas horas de ponta, toda a gente conhece a expressão "sardinhas em lata", que é exatamente como se está nesta altura. Quem quiser, pode evitar os "apertos" e esperar mais uns minutos pelo próximo comboio.
Avanços… e paragens pelo caminho
Nem tudo foi sempre linear. Ao longo dos anos, o Metro de Lisboa enfrentou desafios estruturais, greves, avarias e críticas à falta de acessibilidade. Mas também evoluiu — com extensões como a ligação da Linha Azul até à Reboleira, e da Linha Amarela até Odivelas. Novas carruagens chegaram, algumas estações foram modernizadas, e os painéis de azulejo continuam a ser uma marca estética que atrai até turistas.
Hoje, o Metro transporta mais de meio milhão de passageiros por dia, mesmo com a concorrência crescente de trotinetes, bicicletas e apps de mobilidade. E continua a prometer um papel central na descarbonização e modernização do transporte urbano.

Sobre o metro de Lisboa
O Metro de Lisboa é o sistema de metropolitano da cidade de Lisboa, e foi o primeiro do país, tendo começado a funcionar em 1959. É um dos principais meios de transporte público da capital, sendo rápido, eficiente e cada vez mais moderno.
Foi inaugurado a 29 de dezembro de 1959 e é operado pela empresa pública Metropolitano de Lisboa, E.P.E.
A extensão atual são mais de 45 km de linhas, com quatro principais (com mais em construção) e mais de 50 estações.
Linha Azul (Linha da Gaivota)
- Vai de Reboleira até Santa Apolónia
- Passa por zonas como Amadora, Colégio Militar, Marquês de Pombal, Baixa-Chiado
Linha Amarela (Linha do Girassol)
- Vai de Odivelas até Rato
- Passa por Campo Grande, Saldanha, Marquês de Pombal
Linha Vermelha (Linha do Oriente)
- Liga Aeroporto a São Sebastião
- Ideal para quem chega de avião, passa por Oriente, Olivais, Alameda
Linha Verde (Linha da Caravela)
- Vai de Telheiras até Cais do Sodré
- Serve zonas como Campo Grande, Alameda, Rossio, Baixa
A história do Metro de Lisboa
A ideia de um sistema de metropolitano em Lisboa surgiu ainda nos anos 40. Em 1948, foi criada a Sociedade Metropolitano de Lisboa, SARL, com o objetivo de desenvolver o projeto.
As obras começaram em 1955 e o Metro de Lisboa foi inaugurado a 29 de dezembro de 1959, com um traçado em forma de “Y”, com 6,5 km de extensão e 11 estações.
A inauguração oficial do Metro foi realizada na presença de figuras do Estado e da Igreja.
Na imagem vemos o momento em que o Cardeal Cerejeira abençoa o Metropolitano de Lisboa na estação dos Restauradores.

A rede ia de Sete Rios e Entrecampos até à Rotunda (Marquês de Pombal), com um troço comum entre as duas.
Nas Décadas de 60-70 dá-se o alargamento para zonas como Alvalade, Areeiro e Cidade Universitária. E nos anos 80 surgem novas ligações e o metro chega a Colégio Militar/Luz.
Em 1995 foi a grande reorganização — surgem oficialmente as Linhas Azul, Amarela, Verde e Vermelha, cada uma com nome e cor própria.
Em 2004 a linha Amarela é estendida até Odivelas. Cinco anos depois, a Linha Vermelha chega ao Aeroporto de Lisboa.
Custo Inicial (1950)
O investimento inicial para a construção do primeiro troço (6,5 km e 11 estações) foi de cerca de 400 mil contos, o equivalente a 2 milhões de euros à época.
Em valores atualizados (ajustados à inflação), esse montante poderia representar entre 20 a 30 milhões de euros, dependendo do cálculo.
Cada expansão teve custos próprios, especialmente com infraestruturas subterrâneas complexas, sistemas elétricos e de sinalização e arquitetura e arte nas estações
Por exemplo, a extensão da Linha Vermelha ao Aeroporto, inaugurada em 2012, custou cerca de 185 milhões de euros.
O projeto da nova Linha Circular, ligando Rato a Cais do Sodré, tem um orçamento estimado de 240 milhões de euros.
Arquitetura e Arte
Uma das marcas únicas do Metro de Lisboa é a arte nas estações: muitas delas têm painéis de azulejos, murais e esculturas feitas por artistas portugueses, como Vieira da Silva, Júlio Pomar e Maria Keil.
A arte no Metro de Lisboa é um dos seus elementos mais distintivos — não é só um meio de transporte, é também uma galeria subterrânea. Desde o início, houve uma preocupação em tornar as estações espaços bonitos, humanos e culturais.
Vejas as imagens das estações da linha azul e amarela.
Nos anos 50, a artista Maria Keil foi convidada para decorar as estações iniciais com painéis de azulejos. O objetivo era dar vida e luz aos espaços subterrâneos, já que a publicidade era proibida.
Ela criou painéis com formas geométricas, cores vivas e padrões modernos, que ainda hoje existem em estações como Avenida, Rotunda (Marquês de Pombal), entre outras.
Com o tempo, mais artistas foram convidados a contribuir:
Júlio Pomar: Estação Alto dos Moinhos — grandes murais coloridos com cenas populares e imaginativas.
Vieira da Silva: Estação Cidade Universitária — arte abstrata cheia de movimento e energia.
Manuel Cargaleiro: Estação Colégio Militar/Luz — azulejaria com formas orgânicas e dinâmicas.
Eduardo Nery: Várias estações como Campo Grande — uso criativo de cor e luz.
As estações mais recentes incorporam instalações contemporâneas, esculturas, e até arte digital. A estação Oriente, por exemplo, tem obras de 12 artistas internacionais, refletindo o espírito da Expo 98.
O que vem a seguir?
Com novos projetos em andamento, como a ligação circular que integrará várias linhas, o futuro do metro passa por uma cidade ainda mais interligada.

A linha amarela, por exemplo, deixará de terminar no Rato e passará a fechar um anel até Cais do Sodré, criando uma rede mais fluida e menos dependente das tradicionais “pontas de linha”.
Também há planos para novas estações e prolongamentos em zonas mais suburbanas.
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