O Sporting pronunciou-se sobre as decisões levadas a cabo pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol nos últimos meses da épocas e, em especial, depois dos eventos ocorridos com Matheus Reis na final da Taça de Portugal contra o Benfica. Segundo dizem os leões em comunicado, o órgão federativo tomou decisões que «colocam em causa a integridade das competições e a credibilidade da justiça desportiva.»

Num redigido dividido em diferentes tópicos em que se queixa da celeridade, igualdade, isenção, imparcialidade e da falta de coerência, os campeões nacionais enumeram vários casos em que, no seu entender, foram prejudicados pelas opções tomadas pelo CD.

Os tópicos e os exemplos

Para provar os respetivos pontos, os leões citaram o castigo aplicado a Conrad Harder, apenas um dia depois da partida frente ao Vitória SC. Um timing que «retira qualquer efeito útil ao direito de defesa» no entender do clube presidido por Frederico Varandas.

No caso da igualdade de circunstâncias, é referida a diferença entre o jogo único de suspensão atribuído ao avançado dinamarquês - gritou «“Yeah”» - , bem como a Ricardo Esgaio, Geovany Quenda e Debast pelo «Chupa c**» proferido na direção de um adversário e a «multa de 408 euros» imposta a António Silva pela provocação feita nos corredores do Estádio do Dragão.

Na mesma publicação, é ainda relevada a suspensão de «51 dias por decisão datada de 03/04/2025» que apenas foi indicada no dia seguinte e que atrasou o «cumprimento da suspensão», arredando o líder dos leões de «aceder à zona técnica e acompanhar a equipa no jogo.»

Além disso, o Sporting lembra que Varandas foi alvo de dois processos disciplinares por «declarações públicas de apoio à equipa e respeito pelo adversário», ao invés dos zero processos na direção de Rui Costa e André Villas-Boas. Diz o comunicado que o presidente do Benfica «confrontou e dirigiu várias acusações contra o Presidente da FPF na tribuna do Jamor» e que o dos dragões «acusou publicamente o Presidente do Sporting CP de “coagir árbitros".»

A concluir, os leões falam na distorção da teoria da "field of play" tida em conta para castigar Harder e que foi ignorada no caso de Matheus Reis, castigado com quatro jogos.

Sobre o rigor na participação disciplinar ao lateral, os verde e brancos criticam ainda a exposição dos contratos referentes à contratação do brasileiro, bem como de Gyökeres, Hjulmand e Quenda.

«Não fosse a pronta intervenção da Sporting SAD» para que os mesmos fossem retirados e «o SL Benfica e César Boaventura teriam tido – presumindo que não tiveram – acesso a documentos confidenciais com segredos comerciais do Sporting CP e dados pessoais dos jogadores devido à decisão do Conselho de Disciplina da FPF.»

Eis o comunicado na íntegra:

«O Sporting Clube de Portugal continua a ser, hoje, exactamente aquilo que sempre foi: um clube que defende a independência das instituições que tutelam o futebol. Essa independência é essencial para que essas entidades actuem de forma objectiva, credível e equitativa, permitindo que, dentro das quatro linhas, os clubes possam competir em igualdade de circunstâncias – sendo a única desigualdade aquela que resulta do mérito desportivo.

É neste contexto que o Sporting Clube de Portugal se pronuncia a respeito das decisões do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol que colocam em causa a integridade das competições e a credibilidade da justiça desportiva.

1. Celeridade

  • O jogador Conrad Harder, do Sporting CP, foi suspenso por 1 jogo no dia 17/04/2025. O recurso apresentado foi decidido pelo Conselho de Disciplina após o cumprimento da suspensão, no dia 24/04/2025.
  • Uma decisão inútil no tempo, que retira qualquer efeito útil ao direito de defesa.

2. Igualdade

  • Conrad Harder gritou “Yeah” a um adversário e foi punido com 1 jogo de suspensão.
  • Esgaio, Quenda e Debast terão supostamente dirigido a expressão “Chupa c**” a um adversário e também foram suspensos por 1 jogo.
  • Já António Silva, jogador do SL Benfica, gritou “Chupa” no corredor de acesso aos balneários, provocando uma reacção de elementos do FC Porto. A sanção? Uma multa de €408.

3. Isenção

  • O Presidente do Sporting CP foi suspenso por 51 dias por decisão datada de 03/04/2025.
  • A notificação da decisão só foi feita no dia seguinte, no dia 04/04/2025, atrasando o início do cumprimento da suspensão.
  • Consequência desse atraso, o castigo apenas terminou no dia 25/05/2025 (em vez de 24/04/2025), dia da final da Taça de Portugal, impedindo o Presidente do Sporting CP de aceder à zona técnica e acompanhar a equipa no jogo.

4. Imparcialidade

  • Durante a sua suspensão, o Presidente do Sporting CP limitou-se a fazer declarações públicas de apoio à equipa e respeito pelo adversário, incluindo na Câmara Municipal de Lisboa no âmbito de uma cerimónia oficial organizada pelo município.

Em contraste:

  • O Presidente do SL Benfica confrontou e dirigiu várias acusações contra o Presidente da FPF na tribuna do Jamor.
  • O Presidente do FC Porto acusou publicamente o Presidente do Sporting CP de “coagir árbitros”.

Resultado?

  • 2 processos disciplinares instaurados ao Presidente do Sporting CP.
  • 0 processos disciplinares contra os Presidentes do SL Benfica e do FC Porto.

5. Coerência

  • No caso Conrad Harder, o Conselho de Disciplina defendeu a teoria da “field of play” para validar a decisão da equipa de arbitragem.
  • No caso Matheus Reis, essa mesma teoria foi distorcida, afastando-se o entendimento anteriormente assumido pelo órgão relativamente à valoração das decisões do VAR para punir o jogador com uma suspensão de 4 jogos.

6. Rigor

  • No âmbito do processo disciplinar instaurado contra o jogador Matheus Reis – na sequência de uma participação disciplinar apresentada pelo SL Benfica e por César Boaventura com base num vídeo em que alegadamente profere determinadas declarações junto ao autocarro da equipa – o Conselho de Disciplina juntou aos autos os contratos referentes à contratação dos jogadores Matheus Reis, Viktor Gyökeres, Morten Hjulmand e Geovany Quenda, incluindo os respectivos contratos de transferência, contratos de trabalho e contratos de intermediação com agentes de futebol.
  • Não fosse a pronta intervenção da Sporting SAD no sentido de os documentos serem imediatamente desentranhados dos autos, o SL Benfica e César Boaventura teriam tido – presumindo que não tiveram – acesso a documentos confidenciais com segredos comerciais do Sporting CP e dados pessoais dos jogadores devido à decisão do Conselho de Disciplina da FPF de juntar aos autos elementos totalmente irrelevantes e desconexos com o objecto do processo disciplinar. Pergunta-se: a que propósito se expõem contratos confidenciais num processo disciplinar com base num vídeo?

Os factos e a sua disparidade falam por si.»